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Língua Portuguesa I
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TEXTO 1: LÍNGUA E SOCIEDADE
O caráter social de uma língua já parece ter sido
fartamente demonstrado. Entendida como um sistema de signos convencionais que
faculta aos membros de uma comunidade a possibilidade de comunicação
acredita-se,hoje, que seu papel seja cada vez mais importante nas relações
humanas,razão pela qual seu estudo já envolve modernos processos científicos de
pesquisa, interligados às mais novas ciências e técnicas, como, por exemplo, a
própria Cibernética.
Entre sociedade e língua, de fato, não há uma relação de
mera casualidade. Desde que nascemos, um mundo de signos linguísticos nos cerca
e suas inúmeras possibilidades comunicativas começam a tornar-se reais a partir
do momento em que,pela imitação e associação ,começamos a formular nossas
mensagens . E toda a nossa vida em sociedade supõe um problema de intercâmbio e
comunicação que se realiza fundamentalmente pela língua, o meio mais comum de
que dispomos para tal.
Sons, gestos, imagens, diversos e imprevistos, cercam a
vida do homem moderno,compondo mensagens de toda ordem (Henri Lefèbre diria poeticamente
que “ niágaras de mensagens caem sobre pessoas mais ou menos interessadas e
contagiadas ”), transmitidas pelos mais diferentes canais , como a televisão, o
cinema, a imprensa, o rádio,o telefone,o telégrafo, os cartazes de propaganda,
os desenhos, a música e tantos outros. Em todos, a língua desempenha um papel
preponderante, seja em sua forma oral, seja através de seu código substitutivo
escrito. E, através dela, o contato com um mundo que nos cerca é
permanentemente atualizado.
Nas grandes civilizações, a língua é o suporte de uma
dinâmica social, que compromete não só as relações diárias entre os membros da
comunidade, como também uma atividade intelectual,que vai desde o fluxo
informativo dos meios de comunicação de massa até a vida cultural, científica
ou literária.
PRETI, Dino. Sociolinguística: os níveis da fala. São Paulo, Editora
Nacional, 1974. P. 7
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Muitas vezes não damos a devida atenção ao que é tão
normal para nós: a nossa volta, a linguagem está presente em todas as suas
manifestações o tempo todo,fazendo parte do nosso cotidiano. Para isso,faz-se
necessário conceituarmos o que é LINGUAGEM, LÍNGUA,
FALA e DISCURSO – vocábulos que iremos usar
com bastante
constância em nosso conteúdo: . LINGUAGEM:
É
a representação do pensamento humano através de sinais que
garantem a comunicação e a interação entre
as pessoas. .
LÍNGUA:
É um código formado por palavras e combinações de leis
por meio
do qual as pessoas se comunicam entre si. . FALA:
É a ação ou a faculdade de utilização da língua. A
oposição língua X
fala separa o social do individual. . DISCURSO:
É a utilização individual da língua. Assim sendo, como a
cada um é
dado um modo próprio de se expressar, essa marca
própria,recebe o
nome de estilo.
Inúmeras
linguagens aparecem nos atos de comunicação. Entre elas fazemos
uso da linguagem verbal (que utiliza a língua oral ou escrita) e a
linguagem não-verbal (faz uso de qualquer código que não seja a palavra –
sinais, símbolos, cores,
gestos, expressões fisionômicas, sons, etcj.
Podemos
citar como exemplo do uso da linguagem verbal uma carta, um out‑
door anunciando
grandes promoções de uma loja, um pedido de socorro, um grupo de alunos
cantando o Hino Nacional.
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Já o semáforo, o apito de um guarda, o som da sirena de
uma ambulância pedindo passagem e um cartaz com a foto de uma mulher vestida de
enfermeira pedindo silêncio apenas com gesto,ao colocar o dedo indicador sobre
a boca, são exemplos da linguagem não-verbal.
Comece
a perceber o ambiente que o cerca e a “ouvir” os múltiplos sons que
existem a
sua volta e você terá numerosos exemplos dessa fantástica “máquina” de sinais
convencionais que se chama LINGUAGEM.
Tentamos mostrar-lhe o quanto a comunicação em sociedade
é necessária e












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Ao introduzirmos essa unidade com a definição de signo, queremos
ressaltar
que signo
é, antes de mais nada, sinal, símbolo e, portanto, refere-se a alguma coisa.
Sempre
que tentamos representar a realidade por meio da palavra, estamos
falando de signo
linguístico.
Veja o verbete tirado do dicionário eletrônico Michaelis
– UOL, 2002
sig.no
s. m. 1. Astr. Cada uma das doze partes em que se divide o zodíaco e cada uma
das constelações respectivas. 2. Linguíst. Tudo
aquilo que, sob certos aspectos e em alguma medida, substitui alguma coisa,
representando-a para alguém. — S. linguístico: o que designa a combinação de
conceito com a imagem acústica, ou seja, a combinação de um significado com um
significante. Em bola, por exemplo, a sequência de sons b-o-l-a é o
significante, e a ideia do objeto é o significado. S.-de-salomão:
emblema místico, símbolo da união do corpo e da alma, que consiste em dois
triângulos entrelaçados formando uma estrela de seis pontas; signo salomão. Era
usado, outrora, como amuleto contra a febre e outras doenças. S.-salomão:
signo-de-salomão.
Conceituamos
signo
linguístico
como a menor unidade dotada de sentido.
Compõe-se de um elemento material,de caráter linear,denominado
significante e de conceito, de uma ideia, da imagem psíquica que temos, que é o
significado.
A
relação significante
X significado é convencional, ou seja, há um acordo implícito e
explícito entre os usuários da língua.
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Convencionou-se chamar de gato o animal
mamífero, doméstico, da classe dos felídeos, por exemplo.. essa relação
presente no signo linguístico é também arbitrária,visto que não há qualquer
propósito entre a representação gráfica “ g – a – t – o ” e a ideia que temos
representada em nossas mentes desse animal.
Também temos o significante “g – a – t –
o” com outros significados, como: Ladrão, gatuno, larápio ou em expressões do
tipo gato-pingado: cada um dos poucos assistentes de uma reunião ou espetáculo,
ou de algum agrupamento e ainda gato e sapato: coisa desprezível.
Sendo assim, signo é a
associação de um significante (sons da fala, imagens gráficas, desenhos, etc.) e um significado (conceito,
ideia ou imagem mental).
O signo LIVRO se compõe, portanto de:

Devemos ressaltar, ainda,que quando
falamos em signo linguístico, referimo-nos a uma representação da realidade
através da palavra. Acentuamos que palavra é criação humana, usada para
representar algo que temos em mente. A palavra maçã não é a maçã (você não come
a palavra maçã); mas ao dizermos ou lermos essa palavra, é claro que nos vem à
mente a ideia da maçã (fruto da macieira). Mesmo que o objeto mencionado não
esteja na nossa frente, ao evocá-lo, usamos a palavra que o nomeia, a sua
imagem surge em nossa mente de maneira instantânea.









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Para Francis Vanoye1 “toda comunicação tem por objetivo
a transmissão de uma mensagem”.
Assim,
para que a comunicação aconteça, temos de ter alguém construindo um texto
(verbal ou não-verbal) e enviando-o a alguém. Esse material enviado se
utilizará de um sistema de sinais e de um meio ou contato para fazer chegar
àquilo que se pretenda comunicar.
O ato comunicativo, portanto, sendo um ato social,
concretiza várias manifestações, tanto do ponto de vista cultural como no nosso
cotidiano. Vale dizer: sempre estamos nos comunicando com alguém através de uma
mensagem.
Assim,
podemos esquematizar esse processo comunicativo do seguinte modo:

O emissor – ou
destinador ou ainda remetente – é o que emite (envia) a mensagem. Essa mensagem
pode ser transmitida de forma individual ou em grupo.
O receptor ou destinatário é o
que recebe a mensagem.
A
mensagem é o que se denomina, ainda
segundo Vanoye, “objeto da comunicação”. Constitui-se no conteúdo daquilo que é
transmitido.
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O canal comunicativo é definido como os meios
utilizados pelo emissor a fim
de enviar a mensagem ao receptor.
Uma mensagem, por exemplo,que é transmitida
por um órgão de controle de
tráfego – uma placa do tipo “PERMITIDO
ESTACIONAR” – se dá através dos meios visuais de que o receptor é portador. O
som do apito de um guarda, sinalizando
algo, acontece através do meio sonoro (ondas
sonoras, ouvido...).
É através do canal de comunicação que
utilizamos que podemos empreender
a classificação das mensagens. Assim,
teremos:
A) As mensagens visuais, cuja base são as imagens
(desenhos,fotos) e os símbolos
(a escrita ortográfica).
B) As mensagens tácteis – um aperto de mão, uma carícia...
C) As mensagens sonoras: os diversos sons significativos, as
palavras faladas, as
músicas etc.
D) As mensagens gustativas: uma comida, por exemplo,
apimentada ou salgada
demais...
E) As mensagens olfativas: um perfume, um escapamento de gás
de cozinha etc.
O código é
um conjunto de signos combinados entre si, do qual o emissor se utiliza para
elaborar a mensagem. Ao montá-la, o remetente estará operando a codificação;
ao recebê-la, o destinatário – identificando o código utilizado – estará
procedendo à decodificação.
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Os processos de codificação / decodificação se
realizam de algumas maneiras, tais como:
a)
O emissor envia uma mensagem. O
destinatário a recebe, mas não a compreende, porque não possuem signos em
comum.

Como exemplo, poderíamos apontar
uma tentativa de diálogo entre um brasileiro e um japonês.
b)
O emissor “tenta” manter um
diálogo com um receptor que domina pouco o código utilizado. Neste caso,a
comunicação é restrita,pois são poucos os signos em comum.
Um americano, recém-chegado ao Brasil, tentando se comunicar com
um estudante que estuda inglês há apenas um ano.

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c) A comunicação é mais abrangente; embora ainda não total
– quando, por exemplo,um professor explica um determinado conteúdo,mas alguns
alunos não dominaram ainda o anterior, que, por sua vez, seria pré-requisito do
atual.

d) Finalmente, temos a comunicação total. Todos os signos
emitidos pelo emissor são do conhecimento do receptor e a figura assim
representará esse caso:

O referente é constituído pelo conteúdo ao
qual a mensagem nos remete. Temos o referente situacional e o referente
textual. O 1º diz respeito aos elementos da situação e das circunstâncias da
transmissão da mensagem. Assim,quando uma professora pede aos alunos que abram
o livro na página 80,supõe-se que ela esteja dentro de uma sala de aula e os
alunos,além de possuírem o referido livro, saibam sobre o que ela está falando.
Já, o referente textual é constituído pelos elementos do
contexto linguístico.
Num conto
ou em um romance, por exemplo, todos os referentes são textuais, ou seja, têm
como base o texto.
Temos, ainda, dois tipos de comunicação: a comunicação unilateral
e a comunicação bilateral. Quando se estabelece de um emissor para o receptor,
sem qualquer reciprocidade, chama-se comunicação
unilateral. Uma palestra, um anúncio em outdoor ou uma placa de sinalização
de trânsito transmitem mensagens sem precisar receber resposta, são bons
exemplos.
Já em uma conversa, em um debate em sala de
aula, temos a comunicação bilateral, pois o emissor e o receptor “trocam” de papéis.
Muitas vezes, a transmissão da mensagem é
prejudicada por algo que denominamos ruído. Não podemos
entendê-lo apenas como um problema de ordem sonora. Na verdade, para o processo
de comunicação, ruído é tudo aquilo que pode atrapalhar o receptor em receber a
mensagem enviada pelo emissor. Podemos estabelecer, por exemplo, que ruído pode
ser, entre outros: uma voz muito baixa;o barulho de uma britadeira funcionando
perto de um “orelhão”; um defeito no sistema eletrônico de uma televisão; uma
linha cruzada durante uma ligação telefônica;uma notícia cujo jornal apresenta
uma das pontas rasgadas, não permitindo a leitura em seu todo;uma mancha borrada
no papel de uma carta etc.
Como vimos, a comunicação humana está muito
além de um simples ato mecânico de estímulo e resposta. Não haverá comunicação
de fato se não houver interação entre emissor e receptor;isto é, sempre estamos
nos relacionando com o outro ou outros, através da linguagem (verbal ou
não-verbal), num processo contínuo.
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A
piadinha que se segue constitui uma situação comunicativa entre duas pessoas:
Um amigo encontra o outro na rua: - Onde você está
morando, rapaz? - Em Copacabana.
- Em que altura?
- No 7º andar.
Nesse
caso, a comunicação entre o emissor e o receptor não tem muito sucesso e é aí
que o humor se faz presente; exatamente pelo fato de que os interlocutores não
atendem a um princípio básico da comunicação: a intencionalidade dis
curs iva –
intenções (explícitas ou implícitas) existentes na linguagem dos membros que
participam de uma determinada situação comunicativa.
Ao interagir com outra pessoa através da linguagem, temos
a “intenção” de modificar o pensamento ou o comportamento de nosso(s)
interlocutor(es). O sucesso da comunicação está, portanto, em saber lidar com a
intencionalidade. É através dela que o emissor impressiona, persuade, informa,
pede, solicita etc. (a)o receptor.
Como
vimos nessa unidade, sem comunicação e sem os seus elementos constitutivos, não
há como uma pessoa se comunicar com outra. Na unidade IV, veremos como as
mensagens funcionam, tendo como foco cada um desses elementos.









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Língua Portuguesa I
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Quando realizamos um ato de comunicação verbal, devemos selecionar
as palavras e depois de organizá-las e combiná-las entre si, temos que
adequá-las de acordo com a intenção, com o sentido que queremos dar à mensagem
que enviaremos ao receptor.
Por ser o ato de falar algo bastante
automático, raramente percebemos que essa organização e adequação das palavras
usadas estão ligadas a uma ou mais funções. Sendo assim, ao darmos ênfase a um
dos elementos de comunicação, já estudados anteriormente, estaremos priorizando uma
das seis funções que a linguagem possui..
Foi o linguista russo Roman Jakobson quem elaborou, em
1969, estudos acerca das funções da
linguagem. Para cada um dos elementos da comunicação
humana, existe uma função estritamente ligada a cada elemento, como veremos a
seguir:

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Língua Portuguesa I
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Também chamada de função informativa é centrada no
referente, isto é, naquilo que se fala. Cabe ao emissor a intenção de
transmitir ao seu interlocutor, de modo direto e objetivo,dados estruturados,
geralmente, na ordem direta. Essa função está presente em grande parte dos
textos dissertativos, técnicos, jornalísticos,em receitas médicas, bulas de
remédio, manuais de instrução, avisos institucionais,mapas,gráficos etc. A
função referencial é tratada por alguns autores como função denotativa, visto
que no texto não há ambiguidades ou duplo sentido.
Alimentação balanceada é aquela que contém nutrientes em
quantidade e qualidade adequadas às necessidades de cada um. Estas demandas
variam, não apenas de acordo com a idade, mas também em relação ao estilo de
vida. Assim como as exigências nutricionais dos filhos pequenos são distintas
daquelas de seus pais e avós,uma boa dieta para quem tem hábito de caminhar um
pouco, todos os dias, está longe de ser adequada para um jogador de futebol ou
um corredor de maratona. Ainda assim, existe um princípio válido para todos:
quando se trata de fazer uma refeição balanceada é indispensável a ingestão de
quantidade suficiente de alimentos construtores, energéticos e reguladores.
Suplemento “Nestlé faz bem” - parte integrante da revista
Galileu nº 156/julho-04
Centrada
no emissor da mensagem, exprime a sua atitude em relação ao conteúdo da
mensagem e da situação. Nesse caso, o emissor expressa seus sentimentos e
emoções,resultando num texto subjetivo (diferente da objetividade da função
referencial).
A mensagem é
estruturada com algumas marcas gramaticais que merecem
registro:verbos
e pronomes em 1ª pessoa, interjeições, adjetivos de valores, sinais de
pontuação como as reticências, ponto de exclamação.
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O exemplo que daremos é o famoso “Soneto da Fidelidade”,
escrito por
Vinícius de Moraes. Repare como o uso da 1ª pessoa é uma
marca significativa para
acentuar a subjetividade do eu-poético.
SONETO DA FIDELIDADE
De tudo ao meu amor serei atento Antes, e com tal zelo,
e sempre, e tanto Que mesmo em face do maior encanto Dele se encante mais meu
pensamento.
Quero
vivê-lo em cada vão momento E em seu louvor hei de espalhar meu canto E rir meu
riso e derramar meu pranto Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure Quem sabe a morte,
angústia de que vive Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor ( que tive ): Que não seja
imortal, posto que é chama Mas que seja infinito enquanto dure.
MORAES, Vinicius de. Obra Completa e prosa. Rio de
Janeiro, Nova Aguilar, 1998.
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O destaque está no receptor que, por sua
vez, é estimulado pela mensagem. Os textos em que essa função predomina são
marcados por verbos no imperativo, por vocativos,por pronomes de tratamento.
Outro recurso utilizado pela imprensa para prender o receptor e que caracteriza
muito bem a função CONATIVA é a argumentação, em que o emissor procura a adesão do
receptor ao seu ponto de vista. Podemos traçar um paralelo entre a intenção do
emissor da mensagem e a organização da mesma na função conativa.
Perceba:
INTENÇÃO DO EMISSOR → influenciar,envolver,persuadir.
ORGANIZAÇÃO
DA MENSAGEM→ apelo,
súplica, ordem, chamamento, argumento.
Numa mensagem publicitária, por exemplo, de um produto para
limpeza, o
texto
parece falar com a mulher – dona-de-casa – a quem interessa vender o produto.

Já, quando o objetivo é influenciar um jovem a comprar uma
mochila, por exemplo,a intenção discursiva é outra e,consequentemente,o texto
vai privilegiar palavras do universo dos adolescentes, usando gírias do
momento, termos centrados em seu linguajar.
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Assim, a função
conotiva ou apelativa da linguagem é predominantemente
encontrada nos
anúncios publicitários,nos discursos políticos,nos horóscopos, nos livros de
auto-ajuda, nas preces religiosas etc.

Acontece quando a comunicação dá ênfase à própria
mensagem.
Uma das características dessa função é o uso de recursos
literários na construção da linguagem. Ao selecionar as palavras para compor um
texto,o poeta escolhe as que realçam o sentido que ele quer dar ao seu texto e
também a sua sonoridade e o ritmo;privilegiar as figuras de linguagem,os recursos
fonológicos,a falta ou o excesso de sinais de pontuação.
Nos
textos em que predomina a função poética da linguagem, podemos encontrar, com
muita frequência, o sentido conotativo das palavras.
Tem tudo a ver
A
poesia
tem tudo a ver
com o sorriso da criança,
o
diálogo dos namorados,
as lágrimas diante da morte,
os
olhos pedindo pão.
A
poesia
– é só abrir os olhos e ver –
tem
tudo a ver com tudo.
Elias José.
Segredinhos de amor. São Paulo, Moderna, 1991.



telespectador “distraído” para a retomada de comunicação.
Como
na comunicação escrita,encontramos a função fática da linguagem ao empregarmos
marcadores linguísticos que se repetem.

Acontece quando a ênfase está no
código,isto é,quando o código é o tema da mensagem ou é usado para explicar o
próprio código. Sabemos que,na linguagem verbal, o código é a língua; portanto,
quando utilizamos a língua para explicar a própria língua, temos a metalinguagem ou seja, a função
metalinguística.
Um exemplo bem claro são os dicionários e as gramáticas, pois
utilizam palavras para explicar as próprias palavras.
fren.te
s. f. 1. Parte superior do rosto, desde os
cabelos até as sobrancelhas.
2.
Parte
anterior de qualquer coisa.
3.
Fachada
de edifício.
4.
Mil.
Vanguarda.
5.
Meteor.
Superfície que marca o contato de duas massas de ar convergentes e de
temperaturas diferentes.
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TEXTO 1:
“Uma das
características mais evidentes das línguas é sua variedade. Entende-se por
isso, fundamentalmente, que as línguas apresentam formas variáveis em
determinada época, o que significa que não são faladas uniformemente por todos
os falantes de uma sociedade. (....) Esta característica não é exclusiva das
língua modernas. O latim e o grego antigo também tinham formas variáveis. O
português, por exemplo, descende do chamado latim vulgar (popular), diferente
em vários aspectos do latim dos escritores que chegou até nós. (...).
Uma outra
característica das línguas é que as diferenças que apresentam decorrem do fato
de que os falantes de uma comunidade linguística não são considerados iguais
pela própria sociedade. As diferenças de linguagem são uma espécie de
distintivo ou emblema dos grupos, e, nesse sentido, colaboram para construir
sua identidade. (...) As variedades (ou os dialetos) correspondem em grande
parte a grupos sociais relativamente definidos: os que residem numa região ou
em outra; os que pertencem a uma classe social ou a outra; os que são mais
jovens ou mais velhos; os que são homens ou são mulheres; os que têm uma
profissão ou outra etc.“
ABAURRE, M. B. M. e POSSENTI, S. Vestibular Unicamp:
Língua Portuguesa.
Apenas prestando atenção,percebemos intuitivamente que
uma língua não é falada do mesmo modo por todos os seus falantes. Em
particular, veremos o caso da língua portuguesa, falada em Portugal, no Brasil,
em Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe; em
regiões asiáticas como Macau, Goa, Damão e Dio e em Timor Leste, na Oceania.
Além do
fator geográfico, temos também a variação de ordem social do falante, a situação
em que ele deve falar ou escrever, etc.
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Sendo
assim, podemos dizer que uma língua sofre variações de acordo com cinco eixos,
criados pelo linguista romeno Eugenio Coseriu, que são:
1° EIXO: a modalidade
escrita e falada
2° EIXO: as variantes
socioculturais – a norma culta e a norma coloquial
3° EIXO: as variantes
regionais.
4° EIXO: as variantes de
época.
5° EIXO: as variantes de
estilo.
Não
podemos esquecer de que, enquanto a linguagem em si mesma é um fenômeno
universalmente igual para todos, a língua se manifesta de maneira diferente
entre os falantes de uma mesma comunidade linguística,quer por fatores de ordem
interna como externa.

As línguas, portanto,manifestam a mesma capacidade humana
de expressão, mas há, por exemplo,maneiras típicas de falar relacionadas às
regiões de um país – principalmente o nosso, com essa dimensão continental –,
às faixas etárias, aos grupos e classes sociais,às situações em que nos
encontramos,ao estilo individual e até mesmo ao sexo, visto que, em algumas
situações, há palavras que contemplam mais o sexo masculino que o feminino.
Para
tanto, existem as normas linguísticas. Algumas são mais livres e
espontâneas;outras
mais rígidas, com “sanções” formais àqueles que infringem a norma culta ou
formal.
O gramático Adriano da Gama Kury (In:Novas lições de análise sintática.
2ª ed. São Paulo: Ática, 1985.) tem uma frase que sintetiza todas essas
variações de uma língua dinâmica e potencialmente rica: “O bom falante é um
poliglota em sua própria língua”.
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Língua Portuguesa I
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Vamos,
então, analisar um a um os cinco eixos dessas variantes linguísticas:
1º EIXO: A MODALIDADE ESCRITA E FALADA:
As diferenças entre o código escrito e o falado não podem
ser ignoradas, visto que,ao contrário da modalidade escrita, a falada tem uma
característica marcante que se fundamenta na profunda vinculação às situações
em que é usada. Normalmente,o contato entre os interlocutores é direto e, ao
conversarem sobre um determinado assunto,esses interlocutores elaboram
mensagens marcadas por fatos da língua falada. O vocabulário utilizado é
fortemente alusivo, pois usamos pronomes como eu,
você, isso e advérbios como aqui,
agora, cá, lá etc.
O
código oral também conta com elementos expressivos que o código escrito
não
contempla. Nesse caso,aparece a entonação,capaz de modificar totalmente o
significado de certas frases.
Sabemos que nem todas as sociedades do mundo têm domínio
sobre a modalidade escrita,mas todas as sociedades humanas fazem uso da
modalidade oral. A essas sociedades – como muitas das comunidades indígenas do
Brasil – damos o nome de sociedades ágrafas.
Já nas sociedades
ditas letradas, podemos classificar a linguagem em três
categorias,
que veremos mais adiante: temos a linguagem coloquial, a norma culta
ou
padrão
e
a linguagem
literária.
Mas, antes da classificação citada, vamos analisar, no
quadro que se segue – tirado de MESQUITA, Melo Roberto. Gramática da língua
portuguesa. 8ª ed. rev. atual. São Paulo: Saraiva, 1999 – as diferenças entre a
língua falada e a língua escrita:
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Língua Portuguesa I
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1 BORBA,
Francisco da Silva. Introdução aos Estudos Linguísticos. São Paulo: Companhia
Editora Nacional, 1975.p.262.

2º EIXO: AS
VARIANTES SOCIOCULTURAIS – A NORMA CULTA E A NORMA COLOQUIAL.
Quanto
à variação da linguagem (quer falada, quer escrita), deparamo-nos com alguns
registros que merecem a nossa atenção:
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1-LINGUAGEM COLOQUIAL OU NORMA POPULAR:
É a linguagem que empregamos em nosso cotidiano, em
determinadas situações que não exigem formalidade, com interlocutores que
consideramos “iguais” a nós no que diz respeito ao domínio da língua. Nesse
tipo de linguagem, não temos preocupação em falar “certo” ou “errado”,já que
não somos obrigados a usar regras e o nosso objetivo é a transmissão da
informação, dando prioridade à expressividade.
2. NORMA CULTA OU NORMA PADRÃO:
Leia
o que nos fala Magda Soares, em Linguagem e escola: uma perspectiva social. 3ª
ed. São Paulo: Ática, 1986.
“Dialeto padrão:
também chamado norma padrão culta, ou simplesmente norma culta, é o dialeto a
que se atribui, em determinado contexto social, maior prestígio; é considerado
o modelo – daí a designação de padrão, de norma – segundo o qual se avaliam os
demais dialetos. É o dialeto falado pelas classes sociais privilegiadas,
particularmente em situações de maior formalidade, usado nos meios de
comunicação de massa (jornais, revistas, noticiários de televisão etc.),
ensinado na escola, e codificado nas gramáticas escolares (por isso, é corrente
a falsa ideia de que só o dialeto padrão pode ter uma gramática, quando
qualquer variedade linguística pode ter a sua). É ainda, fundamentalmente, o
dialeto usado quando se escreve (há, naturalmente, diferenças formais que
decorrem das condições específicas de produção da língua escrita, por exemplo,
de sua descontextualização). Efetuadas diferenças de pronúncia e pequenas
diferenças de vocabulário, o dialeto padrão sobrepõe-se aos dialetos regionais,
e é o mesmo, em toda a extensão do país”.
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3- A GÍRIA:
Segundo William Cereja (In: Gramática reflexiva:
texto, semântica e interação.
São Paulo: Atual, 1999. p. 11), “a gíria é um dos dialetos de uma língua. Quase
sempre criada por um grupo social,como o dos fãs de
‘rap’, de ‘heavy metal’, o dos

Temos a gíria como uma contribuição da definição da
identidade de um grupo que a utiliza, às vezes, com caráter contestador, como a
dos jovens de uma determinada geração funcionando como uma espécie de meio de
exclusão dos indivíduos externos ao grupo. Algumas funcionam como
transgressoras dos padrões sociais vigentes e,por consequência da própria
língua. Para ilustrar,leia o texto que
se segue:
TRUS MOSTRAM VITALIDADE DA GÍRIA EM SP
Termo derivado de truta (amigo,
companheiro), é usual nas rodinhas de estudantes.
Ficar na porta de uma escola paulistana na
hora da saída de aula pode ser uma experiência única. Para quem não faz parte
da turma, compreender o que se diz é tarefa pra lá de difícil. Meninos e
meninas, com idade entre 13 e 17 anos, não economizam em gírias das mais
variadas e engraçadas, num código indecifrável:
E aí,
tru?! Belê?
Sussu
-Vô na minha goma. Ta na fita?
- Se pá eu vou lá
- Cola lá. Falou?
Sussu
-Vô na minha goma. Ta na fita?
- Se pá eu vou lá
- Cola lá. Falou?
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Trata-se
do diálogo entre amigos. Um convida o outro para ir à sua casa. O que
foi
convidado diz que talvez vá, mas não tem certeza. O outro reafirma o convite e
despede-se.
As
gírias paulistanas,que nem sempre pegam ou viram mania nacional como as do Rio,
onde recentemente nasceram sangue
bom, sarado e o ah!
Eu tô maluco! , originam-se, segundo os jovens da capital, nos bailes
funk e escolas e entre praticantes de skate e de surfe.
Depois de criadas,elas podem ser ouvidas nas conversas
de jovens de todas as regiões da cidade. Além das já imortalizadas mina e ô, meu , são incontáveis as expressões inventadas pela moçada. “Não sei
explicar, mas minha goma é o mesmo que minha
casa”, diz Jonas Spindell, de 16 anos, estudante do Colégio Equipe, em
Pinheiros, zona oeste.
Só
para falar – Escrever o que se diz é uma dificuldade. “Acho que sussu se
escreve
assim, com dois esses”, arrisca Pedro Fiorino Barros, de 15 anos. “A gíria é
para ser dita e não escrita”, define Spindell.
Muitas
vezes, elas têm dois ou mais significados ou são criadas a partir de outras. Tru, por exemplo, vem de
truta, que significa
companheiro, amigo. Nos últimos meses, os garotos têm pontuado suas frases com
o tá ligado? Usam a expressão no
fim das frases para reafirmar uma ideia. “Tipo assim é outra coisa que a gente fala muito”, diz
Gabriela Gehrke, de 15 anos.
Colega de classe de Gabriela, Soraia Barbosa Cardoso, de 15 anos, é nova
na
escola, mas já ganhou um novo repertório de palavras. “No outro colégio
não se falava tanta gíria”, diz. “É uma coisa que, quando a gente vê, já está
falando.”
Há
divergências na hora de empregar as palavras. Os meninos não saem mais para azarar, mas para catar umas minas.
“Acho muito feio dizer isso”,diz Luísa Werneck, de 17 anos. Sua colega
Renata
Lins Alves, de 15
anos, não se intimida em adaptar a expressão: “As meninas podem dizer que vão catar uns manos.”
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Língua Portuguesa I
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“Procedê ” – Na
escola Estadual Padre Manuel da Nóbrega, na Casa Verde, zona norte, são as
meninas que mais usam termos esquisitos, “Quando um cara está interessado, mas
não quero nada, digo: Ih! Parei
com as drogas ”, diz Gabriela Novaes do Amaral, de 15 anos.
“Surfar é o mesmo que transar
, trocar um procedê é quando o cara quer ficar com uma menina”, ensina
Jaqueline de Oliveira Santos, de 14 anos. “Pá e tal, derrepentemente também serve para dizer
que a pessoa está a fim de ficar”, completa Diana Chaves da Silva de 15.
FONTOURA, Cláudia. O Estado de S. Paulo, 5 out. 1997.

4- A LINGUAGEM DA INTERNET: a
natureza interativa da internet, ao contrário da televisão, tenta estimular o
intercâmbio entre as pessoas, como interlocutores das famosas “salas de
bate-papos”. É bom ressaltar, entretanto, que a língua escrita, na rede, assume
uma forma peculiar, para a qual foi criado um código misto, que faz uso de
sinais capazes de expressar alegria, tristeza, choro, dúvida, decepção etc.
Também lançam mão de abreviaturas, de início de palavras,
de apenas uma letra para significar muitas palavras e até frases. É bom
lembrar, porém, que essa linguagem serve apenas para incrementar a agilidade da
conversação, mas nunca para responder a questionário, enviar currículo, mandar
mensagens de caráter formal etc.
3º EIXO: VARIANTES REGIONAIS.
Também chamadas de variação geográfica ou dialetos, esse
tipo de variante, no Brasil, é bastante grande e facilmente notada.
Caracteriza-se pela diferenciação do acento
linguístico – conjunto das qualidades
fisiológicas do som no que tange à altura,ao timbre, à intensidade – e por isso
é um tipo de variante cujas marcas se notam basicamente na pronúncia.
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Língua Portuguesa I
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Também percebemos essa variação geográfica no
vocabulário, em certas
frases
estruturadas de modo diferente e no sentido que algumas palavras assumem em
diversas regiões do país.
Também chamadas de dialetos,
essas variantes regionais podem ser bem distintas, quer no falar nordestino,
pela abertura das vogais pré-tônicas; quer na pronúncia dos gaúchos,que se
caracteriza por uma entonação particular; quer na maneira peculiar do carioca
pronunciar o fonema “s” final das palavras (normalmente, de modo chiado).
Ainda, chamamos atenção para as variações geográficas
encontradas no
vocabulário. Basta percebermos o uso de expressões
encontradas nas diferentes regiões geográficas brasileiras, com toda a sua peculiaridade
e distinção.
Da mesma maneira, as regiões urbanas e rurais
possuem vocabulário e
pronúncias
diferentes,além das expressões típicas que encontramos em cada uma dessas
localidades.
4º EIXO: AS VARIANTES DE ÉPOCA.
Sabemos
que as línguas não são fixas, estáticas. Esse caráter dinâmico, mutável é que
nos apresenta palavras cujo uso está defasado, perderam o seu sentido original,
deram lugar a outras palavras; enfim, houve uma mudança significativa que é
registrada pelos livros escritos no início do século XVIII, em contrapartida
com os de hoje, por exemplo.

Para
ilustrar esse tipo de variante, leia os trechos de dois textos de Carlos
Drummond de Andrade,que mostram como a língua vai
mudando com o tempo:





Antigamente, as moças chamam-se mademoiselles e eram
todas mimosas e prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geram
dezoito. Os janotas,mesmo não sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes,
arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio. E se levavam
tábua, o remédio era tirar o cavalo da chuva e ir pregar em outra freguesia.
(...) Os mais idosos, depois da janta, faziam o quilo,saindo para tomar a
fresca; e também tomavam cautela de não apanhar sereno. Os mais jovens, esses
iam ao animatógrafo, e mais tarde ao cinematógrafo, chupando balas de alteia.
Ou sonhavam em andar de aeroplano;os quais,de pouco siso,se metiam em camisas
de onze varas, e até em calças pardas; não admira que dessem com os burros
n’água.
ANDRADE, Carlos Drummmond de. Poesia e prosa. Rio de
Janeiro: Nova Aguilar, 1988.
TEXTO 2: ENTRE-PALAVRAS
Entre coisas e palavras – principalmente entre palavras –
circulamos. A maioria
delas não figura nos
dicionários de há trinta anos,ou figura com outras acepções. A
todo momento impõe-se tomar conhecimento de novas palavras e combinações.
todo momento impõe-se tomar conhecimento de novas palavras e combinações.
O malote, o cassete, o spray, o fuscão, o copião, a
Vemaguet, a chacrete, o
linóleo,o
nylon,o nycron,o ditafone,a informática, a dublagem, o sinteco, o telex ....
existiam em 1940?
Estão reclamando, porque não citei a conotação, o
conglomerado, a
diagramação,
o ideograma, o idioleto, o ICM, a IBM, o falou, as operações triangulares, o
zoom e a guitarra elétrica.
Não
havia nada disso no jornal do tempo de Venceslau Brás, ou mesmo, de Washington
Luís. Algumas dessas coisas começam a aparecer sob Getúlio Vargas. Hoje estão
ali na esquina, para consumo geral. A enumeração caótica não é uma invenção
crítica de Leo Spitzer. Está aí, na vida de todos os dias. Entre palavras
circulamos, vivemos, morremos, e palavras somos, finalmente, mas com que
significado?
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Língua Portuguesa I
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5º EIXO: AS VARIANTES DE ESTILO
Entendemos,aqui, as variações nos enunciados linguísticos
que se relacionam aos diferentes graus de formalidade do contexto de
interlocução. Podemos explicá-las,partindo do princípio de maior ou menor
conhecimento e proximidade entre os falantes. Em um dos pólos, tomando-o como
eixo contínuo de formalidade, temos as situações informais
em que se manifesta a linguagem. No outro extremo desse
mesmo eixo temático, encontramos as situações formais
de uso da linguagem (por exemplo, as escolhas
linguísticas caracterizando um discurso feito em um Congresso).
Também podemos lembrar que as variações de estilo podem
ocorrer em relação aos escritores e poetas da nossa literatura. Mesmo sendo
representantes de um mesmo momento literário, encontramos autores com estilos bastante
diferentes. Como exemplo, podemos citar Manuel Bandeira e Mário de Andrade.
Podemos
perceber, no decorrer dessa unidade,que,como todo bom falanteda
língua,
devemos saber adequá-las às situações. Na unidade que se segue, falaremos dos
mecanismos de combinação e seleção da língua. Vamos lá?
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Como você já deve ter percebido, escrever não é só
colocar ideias no papel. Até porque essas ideias não surgem do nada. Elas fazem
parte do processo de comunicação de que participamos e de todas as informações
que nos chegam, através de troca de experiências com seus interlocutores e
muita, muita leitura.
Veja
a manchete de um jornal de grande circulação nacional que publicou o seguinte:
Professoras
mandam carta a deputados protestando contra o aumento de seus salários.
Repare que,da forma como a manchete foi redigida, o
leitor poderia entendê-la de dois modos diversos:as professoras, chateadas com
o aumento insignificante de seus salários, reclamam, protestando, através de
uma carta, aos senhores deputados;ou as professoras questionam o aumento de
salário que os deputados tiveram, comparando com o salário delas e escrevem-nos
protestando.
Por
que essa dupla interpretação aconteceu e acontece quando menos esperamos?
Nesse
caso, é o emprego do pronome “seus” o causador desse duplo sentido.
Podemos
dizer que o pronome possessivo destacado também pode se referir tanto aos
salários das professoras como aos dos deputados.
Sendo
o texto uma ‘unidade de sentido’, os
elementos que o compõem (palavras, orações, períodos) precisam se relacionar
harmonicamente.
A estruturação de uma simples frase pode ser comparada com a articulação
de um esqueleto com seus ossos. Do mesmo jeito que uma articulação entre dois
ou mais ossos acontece, resultando num movimento, as palavras devem combinar
umas com as outras numa articulação de pensamentos, tornando o texto coeso, com nexo. Não se esqueça de que nexo significa “ligação, vínculo”.
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Esse
modo de estruturar o texto, a combinação e seleção das palavras para evitar a
falta de nexo, recebem o nome de mecanismos de coesão.
A coesão decorre das relações de sentido que se operam
entre os elementos de um texto. Também resulta da perfeita relação de sentido
que tem de haver entre as partes de um texto. Assim, o uso de conectivos é de grande importância
para que possa haver coesão textual.
Veja
o significado da palavra conectivo, tirado do dicionário Michaellis Eletrônico
– Michaelis Moderno Dicionário da Língua Portuguesa, 2000.
que estabelece conexão entre palavras ou partes de uma frase. Em
português, são conectivos: conjunções, pronomes relativos e preposições (Matoso
Câmara Jr.).
Veja o texto que se segue:
“Além de ter liberdade
para receber e transmitir informações é preciso que todos sejam livres para
manifestar opiniões e críticas sobre o comportamento do governo. Não basta,
porém, dizer na Constituição que essas liberdades existem. É preciso que exijam
meios concretos ao alcance de todo o povo para a obtenção e divulgação de
informações, e por esses meios o povo participe constantemente do governo, que
existe para realizar sua vontade, satisfazer suas necessidades e promover a
melhoria de suas condições de vida”.
DALLARI, Dalmo de Abreu. In: Viver em sociedade. São Paulo: Moderna, 1985. p. 41.
Atente para o fato de que as orações que formam esse
trecho apresentam uma perfeita relação de sentido criada com a ajuda dos
conectivos. Vamos analisar um a um os períodos encontrados no texto transcrito
acima para entender esses mecanismos relacionais que os conectivos nos dão.
“Além de ter liberdade para receber e
transmitir informações é preciso que todos sejam livres para manifestar
opiniões e críticas sobre o comportamento do governo”.
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Língua Portuguesa I
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No
1º segmento,encontramos a locução conjuntiva ‘além de’,que introduz as orações seguintes, ambas
subordinadas adverbiais finais; ‘para receber e (para) transmitir’, que por
sua vez são coordenadas aditivas entre si, ou seja, têm a mesma função.
Na
2ª oração “Não basta, porém,
dizer na Constituição que essas liberdades
existem”, a conjunção
destacada indica contradição, oposição ou restrição ao que foi dito na oração
anterior.
Já,
no último segmento do texto, no trecho sublinhado, encontramos o pronome
relativo que retomando o
substantivo governo da oração
anterior e que aparece como oração principal de três outras orações
subordinadas a ela, também com o sentido de finalidade – para realizar sua vontade; (para) satisfazer suas necessidades e (para) promover a melhoria de suas condições de
vida.
Veja o trecho agora, por inteiro:
‘É preciso que existam meios concretos ao
alcance de todo o povo para a obtenção e divulgação de informações, e por esses
meios o povo participe constantemente do governo, que existe para realizar
sua vontade, satisfazer suas necessidades e promover a melhoria de suas
condições de vida’
Repare
que trabalhamos com os conectores (outro nome para os conectivos)
visando à
perfeita relação de sentido que deve haver entre as partes que compõem um
texto.
Sendo
os conectivos elementos que relacionam partes de um discurso, estabelecendo
relações de significado entre essas partes, possuem valores próprios, uns
exprimindo finalidade, outros, oposição; outros, escolha e assim por diante.
A seleção
vocabular é também um importante mecanismo coesivo e a estamos empregando quando
substituímos uma palavra que já foi usada por outra que lhe retoma o sentido.
Podemos usar sinônimos,pronomes (retos ou oblíquos), pronomes relativos etc.
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Esse
mecanismo seletivo, além de dar coesão ao texto, tem função estilística, pois
permite que as palavras não sejam repetidas.
De maneira geral, podemos dizer que temos um texto
coerente e coeso quando este não contém contradições, o vocabulário utilizado
está adequado, as afirmações são relevantes para o desenvolvimento do tema, os
fatos estão corretamente sequenciados; ou seja, o texto deverá estar
constituído de relações de sentido entre os vocábulos, expressões e frases e do
encadeamento linear das unidades linguísticas no texto.
O
inverso é verdadeiro e podemos dizer que não haverá coesão quando, por
exemplo,empregarmos conjunções e pronomes de modo inadequado, deixarmos
palavras ou até frases inteiras desconectadas e quando a escolha vocabular foi
inadequada, levando à ambiguidade, entre outros problemas.
Aconselhamos que,para se perceber a falta de coesão no
texto produzido por você, o melhor que se tem a fazer é lê-lo atentamente,
estabelecer as relações entre as palavras que o compõem, as orações que formam
os períodos e, por fim, os períodos que formam o texto.
Como
você pôde notar a coesão e a coerência textuais são elementos facilitadores
para a compreensão perfeita de um texto.
Conforme
falamos anteriormente, o assunto aqui, ainda diz respeito à coerência textual.
Falaremos de como a coerência se manifesta em um texto.
Vejamos
a acepção do vocábulo coerência, retirado do Dicionário Houaiss da Língua
Portuguesa – Eletrônico/2001.
CO.E.RÊN.CIA
n substantivo
feminino.
1. qualidade, condição ou estado de coerente.
2. ligação,
nexo ou harmonia entre dois fatos ou duas ideias; relação harmônica, conexão.
3. congruência, harmonia de uma coisa com o fim a que se destina.
4.
uniformidade no
proceder, igualdade de ânimo.
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Língua Portuguesa I
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Como você deve ter percebido, coerência diz respeito a
tudo que se harmoniza entre si,que tem ligação. O conceito da palavra se
relaciona à presença de conexão, de nexo entre as ideias. Isso porque buscamos
sempre a existência de sentido,seja ao refletirmos sobre algo; ao
interpretarmos o que nos rodeia; ou ao tentarmos compreender o conteúdo daquilo
que nos é apresentado em forma de texto escrito.
Para que possamos exemplificar as acepções do vocábulo,
na prática, leia o texto que se segue e que consiste em uma redação de um
vestibulando, cujo conteúdo, como veremos ao lê-lo, é truncado e, por vezes, há
a necessidade da retomada da leitura para a sua melhor compreensão.
“Felicidade é um viver como aprendiz. É
retirar de cada fase da vida uma experiência significativa para o alcance de
nossos ideais.
É basear-se na simplicidade do caráter ao
executar problemas complexos; ser catarse permanente de doação sincera e
espontânea.
A felicidade, onde não
existem técnicas científicas para sua obtenção, faz-se de pequenos fragmentos
captados de sensíveis expressões vivenciais. Cada dia traz, inserido na sua
forma, um momento cujo silêncio sussurra no interior de cada vivente chamando-o
para a reflexão de um episódio feliz”.
Vestibular
– Universidade Federal de Uberlândia apud KOCH, Ingedore Villaça e TRAVAGLIA,
Luiz
Carlos.A coerência textual. São
Paulo: Contexto, 2001. p. 36
Assim, podemos inferir que o uso de algumas expressões
compromete o entendimento do texto. Como exemplo, citamos “simplicidade do
caráter ao executar problemas complexos” e “ ser catarse permanente de doação
sincera e espontânea ”. Também, o pronome relativo ‘ onde ' – indicativo de
lugar – na oração “A felicidade, onde não existem técnicas científicas para sua
obtenção... ” está completamente inadequado. Até
a construção inversa da frase, compromete-a.
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Língua Portuguesa I
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Mesmo
tendo uma incoerência, causada pelo mau uso de elementos
linguísticos,
conseguimos detectar o tema e o assunto do texto. Portanto, essa incoerência
não impede totalmente a sua compreensão.
Sendo
assim, a coerência textual é um
processo que inclui dois fatores básicos:
1º) o
conhecimento que o emissor e o receptor têm do que está sendo tratado no texto;
2º) o conhecimento que têm da língua usada:a tipologia textual, o
vocabulário, os recursos da estilística etc.
É claro que o tipo de texto influencia no processo da
construção de sentido. Os textos literários e publicitários,por exemplo,
manifestam a coerência de um modo diferente da coerência de um texto
dissertativo, em que os recursos linguísticos devem facilitar a compreensão do
assunto. Um poeta não precisa desses mecanismos da linguagem, pois o sentido de
um texto literário não tem o compromisso de contemplar o raciocínio
lógico-argumentativo de uma dissertação.

Porém, sendo um texto publicitário,esse ‘ jogo de sentidos ' denota a
criatividade, a ousadia, características da sedutora linguagem da propaganda.
É bom observar também que há um erro de ordem gramatical na oração ‘
assista o disco '. O verbo assistir, no sentido de ver, presenciar, pede objeto
indireto;portanto,segundo a NGB (Norma Gramatical Brasileira) seria ‘ assista
ao disco '.
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Língua Portuguesa I
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As
autoras Marina Ferreira e Tânia Pellegrini – em seu livro Redação: palavra e
arte . São
Paulo: Atual, 1999 – fazem uma chamada na p. 221 que vale a pena reproduzir:
“Quando você estiver lendo um texto qualquer; veja se é
capaz de falar sobre seus pontos mais importantes, se consegue discorrer sobre
ele, ligando uma ideia à outra, numa sequência lógica. Se não conseguir, é
porque ainda não compreendeu esse texto. Nesse caso, tente identificar se sua
dificuldade reside nos termos empregados, na organização das frases ou no
próprio assunto debatido. Leia, então, de novo, uma vez, outra, até entender.
E ao escrever sua redação, antes de
passá-la a limpo, observe se há continuidade no desenvolvimento das ideias, se
uma ‘puxa' a outra, se você as percebe globalmente, como um todo, se não há
contradições, enfim, se é um texto coerente. E lembre-se de que fazer rascunhos
é muito importante para o exercício da coerência.”
A
coerência textual tem basicamente a ver com as condições para se estabelecer um
sentido em um determinado contexto. Sendo assim, coerência textual é a
relação harmônica que se dá entre as partes de um texto, em um contexto
específico, sendo responsável pela percepção de uma unidade de sentido.
Para detectarmos se um texto (ou ainda uma gravura, uma
pintura, uma escultura) é coerente ou incoerente, teremos que levar em conta o
contexto em que foi feito. Queremos deixar claro que nada é incoerente por si
só. Algumas passagens textuais (quer orais, quer escritas) apresentam
incoerência por falta de habilidade do emissor no uso da língua, em seus
diversos níveis. Muitas vezes, ao indicarmos alguma incoerência ou contradição
na fala ou no texto escrito por alguém, ouvimos: “Não foi bem isso que eu quis dizer!”, “Eu
escrevi isso? ”.
No
livro A coerência textual (Contexto,
1996), Ingedore V. Koch e Luiz Carlos Travaglia tratam dos vários níveis em que
esta se manifesta.
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Língua Portuguesa I
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1. COERÊNCIA SEMÂNTICA: diz respeito à relação
entre os significados dos elementos das frases, em sequência, em um texto ou
entre os elementos de um texto como um todo.
A
contradição de sentidos também compromete a coerência semântica, como podemos
perceber no exemplo que se segue:
“A frente da casa de
vovó é voltada para o leste e tem uma enorme varanda.
Todas as tardes, ela
fica na varanda em sua cadeira de balanço apreciando o pôr-dosol. ”
Assim, a posição da frente da casa e o fato da avó ver o
pôr-do-sol são
contraditórios,visto que o sol se põe a oeste e a
localização da casa está no leste.
2. COERÊNCIA SINTÁTICA: trata dos meios
sintáticos para expressar a coerência semântica,ou seja, o uso de
conectivos,pronomes, sintagmas nominais. A coerência sintática nada mais é do
que um dos aspectos da coesão.
3. COERÊNCIA ESTILÍSTICA: responde pelo
fato de um usuário empregar em seu texto elementos linguísticos pertencentes ao
mesmo registro linguístico. Seria, por exemplo, incoerente, o uso de gíria em
textos acadêmicos.
4. COERÊNCIA PRAGMÁTICA: tem a ver com o texto
visto como uma sequência do ato de falar. Os atos da fala devem satisfazer às
condições presentes em uma dada situação comunicativa. Isso quer dizer que, se
um amigo faz um pedido a outro, este deverá responder algo que esteja dentro do
“contexto”, ou seja, dentro de uma situação de comunicação.
Veja,como
exemplo,um diálogo com incoerência pragmática, para que você possa entender
melhor esse aspecto:
· Você pode
me emprestar seu livro do Guimarães Rosa?
·
Hoje eu comi um chocolate que é uma delícia.
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Língua Portuguesa I
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Existe,
também, uma distinção importante que deve ser citada aqui. É a diferença entre coerência global –
propriedade tomada em um texto como um todo e a coerência local , que pode ser
percebida em sequências textuais menores. Muitas vezes, o fato de ocorrer
incoerência de ordem local em um texto não significa que o mesmo foi
prejudicado como um todo, pois podemos entender a sua mensagem, mesmo com
trechos incoerentes.
Sendo
assim, concluímos que a coerência é resultado da não-contradição entre os
diversos segmentos textuais.
Reiteramos
que enquanto a coesão existe no plano linguístico, isto é, nas
relações
semânticas e gramaticais entre as partes de um texto, a coerência se estende
para o plano das ideias, dos conceitos.
Na
próxima unidade falaremos dos "nós linguísticos do texto" e de que
maneira podemos controlá-los através de mecanismos coesivos.
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Língua Portuguesa I
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Sendo a coesão uma das
marcas fundamentais da textualidade, ela pode ocorrer através de alguns
mecanismos que iremos abordar aqui.
Temos três tipos de coesão: a coesão referencial, a coesão recorrencial e a coesão sequencial .
COESÃO REFERENCIAL: acontece
quando um elemento da sequência textual se remete a outro elemento do mesmo
texto, substituindo-o.
Ex.: Encontrei o livro que
tanto procurava. Ele estava guardado
na estante.
Ainda dentro da coesão referencial temos:
1.1 A substituição de um elemento por outro: dá-se nas seguintes situações:
• Nas formas pronominais:
a) Pronomes pessoais de terceira pessoa.
Ex.: Os meninos saíram
cedo da escola. Eles foram treinar
para o torneio de futebol.
b) Pronomes indefinidos:
Ex.:
O aluno e a mãe foram
chamados à direção da escola, mas ninguém
compareceu.
c) Pronomes possessivos:
Ex.: Cássio levou um livro de suspense para a escola,
porém quis ler o meu .
d) Pronomes demonstrativos:
Ex.: Márcia experimentou uma saia azul escura, mas decidiu comprar aquela .
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Língua Portuguesa I
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e) Pronomes Interrogativos:
Ex.
Celso, Ricardo e Tânia depuseram na Delegacia, entretanto quem disse a verdade?
f) Pronomes Relativos:
Ex. Todos os alunos que foram
convocados compareceram à reunião.
·
Nas
formas verbais: nesse
caso, encontramos os verbos fazer e ser referindo-se a todo o predicado
da frase; não somente ao verbo.
Ex.:
A professora de Português corrigiu todas as provas, mas a de Matemática não pode fazer o mesmo.
·
Nas
formas adverbiais: substitui
a circunstância indicada pelo advérbio presente.
Ex.: A garota saía cerca de três vezes por mês; seu
irmão, nunca .
·
Nas
formas numerais: são usadas
para substituir tudo aquilo que pode ser mensurável.
Ex.:
O pai premiou o filho com duas surpresas; a primeira delas era um computador novo.
Já
li trinta páginas desse livro, mas amanhã pretendo ler o dobro . 1.2
Reiteração de elementos do texto:
· As repetições do
mesmo termo:
a) De forma idêntica:
Ex.: Comprou um lindo carro, mas o carro não era novo.
b) Com um novo determinante:
Ex.: Comprou um lindo carro, mas esse carro estava
batido.

c)



De forma abreviada:




Ex. A Fundação Nacional do
Índio quer
combater os maus garimpeiros; portanto a FUNAI controla
as terras indígenas.
d) De forma ampliada:
Ex.: O IBGE divulgou ontem alguns gráficos sobre a nossa economia; porém, o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística não falou dos índices de inflação.
e) Com palavra cognata:
Ex.: Sabemos que passear é ótimo e
muitos passeios
são,
ao mesmo tempo, fonte de cultura.
• Os sinônimos ou
quase-sinônimos:
a) Uso de hipônimos:
Ex.: Houve um acidente envolvendo três veículos
;os carros tiveram que ser rebocados.
b) Uso de hiperônimos:
Ex.: Recebi um buquê de rosas amarelas; as flores estavam
lindas!
c) Nomes genéricos:
Ex.: Comprei legumes, verduras, frutas e muitas outras
coisas .
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Língua Portuguesa I
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Apostos:
Ex.:
Pelé, rei do futebol,
foi também Ministro dos Esportes.
2. A COESÃO RECORRENCIAL: tem como
característica a repetição de um
elemento
anterior como alusão a um mesmo referente. Esse tipo de coesão se dá pela:
2.1
Recorrência de termos:
Ex.:
Ricardo tremia, tremia, tremia...
2.2 Paralelismo: refere-se à
recorrência da mesma estrutura sintática.
Ex.:
Amor escondido, dinheiro no banco e sol na segunda-feira nos trazem
insatisfação.
2.3 Paráfrase: consiste na
recorrência de conteúdos semânticos marcada por
expressões
chamadas de introdutórias como isto é; ou seja; quer dizer; digo; ou melhor; em
outras palavras etc.
Ex.:
Ele ainda não chegou até esse momento; isto é, não deve vir mais.
2.4
Recursos Fonológicos: faz uso de palavras que tenham sons
idênticos, ou quase, para dar ideia de rima.
Ex.:
Os problemas do Brasil são a corrupção, a inflação, a falta de feijão e a
alienação.
2.5
A elipse: é
a omissão de um termo que o contexto identifica com facilidade.
Ex.: Tudo o que queremos não é só o seu sucesso, mas a sua felicidade.
( Seria o
mesmo que dizer:
‘Tudo o que queremos não é só o seu sucesso, como (queremos também) a sua
felicidade ).
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Língua Portuguesa I
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3. A COESÃO SEQUENCIAL: para
esse tipo de coesão, fazemos uso de termos
pertencentes
ao mesmo campo semântico por meio de novos acréscimos ao texto. Estes se dão
através da:
3.1 Condicionalidade:
Ex.: Caso ele apareça , mande-o me procurar.
3.2 Causalidade:
Ex.: Todos se interessaram pelo livro, porque
falava de um assunto dado em aula.
3.3 Implicação Lógica:
Ex.: Existe apenas um jeito de conseguir
novamente a sua confiança: falando-lhe toda a verdade.
3.4 Explicação ou Justificativa:
Ex.: A prova estava fácil, pois todas
as questões foram comentadas em salade-aula.
Chegamos ao final desta unidade. Mas não
paramos por aqui! Na próxima, falaremos sobre os sentidos das palavras. Vamos
lá?







|




Dizemos que uma palavra ou enunciado tem valor denotativo quando é
utilizada em seu sentido literal, isto é, aquele que aparece como a primeira (e
segunda) acepção de um vocábulo no dicionário de língua. Portanto, esse sentido
comum caracteriza os textos chamados de textos informativos ,
quer estejam na modalidade oral, quer estejam na modalidade escrita.

Vamos exemplificar o que acabamos de relatar com o vocábulo noite.
Para
tanto,
reproduziremos as acepções da palavra, guiando-nos pelo Dicionário Eletrônico de
Antônio Houaiss – 2001.
noi. te (substantivo feminino)
1. tempo que transcorre entre o ocaso e o nascer do sol, em
determinado lugar da Terra, de outro planeta ou de um satélite [Nas regiões
terrestres situadas no equador,a noite vai das 18h do dia anterior até as 6h do
dia seguinte, o que, nas outras latitudes, só ocorre nos equinócios.
2. horário
em que está escuro, por falta da luz solar, e em que geralmente. as pessoas
descansam ou dormem.

3. 


Derivação: por extensão de sentido: ausência de claridade; escuridão,
trevas.




4. Derivação
por metáfora: estado de dor, desesperança; tristeza, melancolia, abatimento.
5. Derivação: sentido figurado. falta da visão; cegueira.
6. Derivação:
por metáfora: falta de estudos, de cultura, com predomínio do preconceito e das
superstições; ignorância, obscurantismo.
Poderíamos,por conseguinte, formular frases,
em que o vocábulo aparecesse com a primeira acepção e, portanto, com o valor
denotativo :
As noites de
inverno são mais longas que as de verão .
ou
Passei a noite toda
tossindo e quase não consegui dormir.
Já, nas frases que se seguem,o mesmo vocábulo aparece
com acepções cujos
valores
fogem dos literais e são ampliados em estruturas diferenciadas. Estamos diante
do valor
conotativo da
palavra.
Sua vida tornou-se
uma noite sem fim com a morte do filho.
e
No Renascimento, o
mundo emerge da noite medieval.
Por exemplo, na 1ª frase, o vocábulo
destacado aparece com a acepção número 4: estado de dor, desesperança;
tristeza, melancolia, abatimento.
Na segunda oração, noite aparece com o
significado de ignorância, obscurantismo.
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Língua Portuguesa I
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Continuando
a nossa oitava unidade, falaremos sobre Sentido e Contexto na aplicação da
Língua Portuguesa.

Agora,
estudaremos as relações entre sentido e contexto no plano das
significações.
É o que os linguistas denominam de aspectos semânticos da linguagem, pois por
‘semântica’ entende-se o estudo do significado.
Primeiramente, vamos entender que o sentido de palavras e
expressões não é
fixo ou
imutável. Muito pelo contrário, este sentido é definido pelo contexto em que
usamos a linguagem.
Sendo assim,quando dizemos,por exemplo, “ Estamos
afogados de trabalho ”, o verbo afogar não está no seu sentido literal,pois não
podemos ficar submersos e rodeados por peixes. Portanto, a expressão “ estar
afogado ” tem seu sentido figurado,baseado na semelhança que se percebe entre
um afogamento real e um afogamento por excesso de trabalho.
Comece
a perceber quantas vezes você emprega e ouve expressões ou frases inteira, em
que o sentido figurado predomina. Isso se dá em função da extraordinária
capacidade que a língua e seus elementos formadores têm de moldar-se a novas
situações, construindo, eficazmente, novos sentidos.
É bom lembrar que, desde muito cedo, conseguimos
estabelecer uma relação com a linguagem que nos faz transitar de modo natural e
inconsciente do sentido literal para o sentido figurado dos enunciados. Isto
porque participamos de diversas situações de interlocução, em que o sentido das
palavras se define e torna-se preciso nos contextos em que se encontram.
Através
dos tempos, as palavras e/ou expressões podem ter seu sentido
modificado ou expandido. Algumas delas podem se tornar, inclusive,
habituais e passam a constituir um sentido reconhecido por toda uma comunidade
falante.
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Língua Portuguesa I
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Assim,
podemos traçar a diferença entre sentido literal e sentido figurado quando
dizemos que:
·
SENTIDO LITERAL diz respeito àquilo
que pode ser tomado como o sentido ‘ básico ' de uma palavra ou expressão e que
pode ser depreendido sem a ajuda do contexto.
·
SENTIDO FIGURADO é aquele em que as
palavras ou expressões recebem, em situações particulares de uso, outro
significado, decorrente de uma extensão do seu sentido literal, partindo da
motivação de alguma semelhança contextual.
Reiteramos
que o sentido figurado pode ser
tomado como uma ampliação do sentido
literal ,porque
mostra alguma semelhança real ou pressuposta em relação ao contexto literal. Na
verdade, o sentido figurado é sempre
resultado de uma interpretação.
Mas é bom assinalar que é preciso fazer sempre um exercício de
interpretação, a partir do qual avaliamos e verificamos, em situações
específicas, os possíveis significados das palavras e de suas combinações.
Portanto,
para falar de significação, no seu sentido restrito, faz-se necessário falar
daquilo que está fora da linguagem, mas que é representado por ela. Temos que
exercitar a nossa capacidade de interpretar e escolher entre muitos
significados aquele(s) que melhor se ajusta(m) ao contexto em que está(ão)
inserido(s).
Vamos
analisar a peça publicitária abaixo – Revista Atrevida , ano IV, nº 41.
Repare que, se colocarmos o período “ O sonho de toda mulher: bonito, gostoso e
com recheio. ” desvinculado da foto e do
contexto em si,poderemos compreender o quanto a frase solta compromete o
sentido do texto.
Só teremos uma interpretação correta se ligarmos o texto ao contexto, ou
seja, à figura de um picolé que,além de bonito e gostoso, possui recheio.

Fora
do contexto,poderíamos imaginar que se trata de um companheiro para a mulher.
Mas, e o “ recheio ”? Haveria
uma total falta de sentido, se não houvesse um contexto para nos apoiar.
Sendo
assim, a importância do contexto para a construção do sentido dos enunciados é
de vital relevância.
Entretanto,na construção desse processo,há a necessidade
do leitor ter,como base,os pressupostos –
ou seja, um conhecimento anterior ao momento da leitura (no caso do texto
escrito) – que o capacite a compreender totalmente o que foi dito.
Resumindo,
a mensagem só será efetivamente entendida se o emissor conseguir estabelecer a
associação perfeita entre texto e contexto, isto é, usar de pressupostos já
adquiridos.

Em
nosso anúncio publicitário, pressupõe-se que o leitor tenha um conhecimento
prévio a fim de compreender e construir o sentido do texto.
Para
lermos um texto, é necessário decodificar os sinais que o constituem. Sabemos,
entretanto, que não podemos ler da mesma forma os inúmeros textos que nos
chegam às mãos. Para isso,contamos com alguns procedimentos que nos ajudarão na
leitura de um texto:
Primeiramente, retomemos aos pressupostos , que nada mais
são do que um conhecimento de que o emissor espera que o seu leitor/ouvinte
disponha e que o capacite a entender o que foi escrito/dito em um contexto
pré-determinado. Por exemplo, na frase:
PEDRO NÃO DIRIGE MAIS.
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Língua Portuguesa I
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Em alguns
casos, o pressuposto não é tão óbvio quanto no exemplo acima.
Vejamos em outro anúncio – Revista Isto É , 18-11-98 – em
que a Caixa Econômica Federal dá como bônus para quem fizer o seguro do carro
uma bicicleta.

O texto diz o seguinte: NOSSO
SEGURO DE CARRO COBRE COLISÃO,
INCÊNDIO,
ROUBO E GORDURINHAS LOCALIZADAS. FAÇA O SEGURO DO SEU 4 RODAS E LEVE + DUAS POR
APENAS R$ 49,90.
Portanto, temos a possibilidade de ganhar
uma bicicleta (‘ leve + duas rodas...')
para
queimar as ‘ gordurinhas localizadas ';isto é, fazer ginástica, pois o seguro
da Caixa cobre até ‘ esses inconvenientes ' por apenas ‘ R$49,90 '.
Ao lidarmos com uma informação que não foi citada, mas que podemos
assimilar pelo que foi dito, temos como subtendê-la, deparando com o que está
implícito – adjetivo que caracteriza aquilo que está envolvido no contexto e,
embora não revelado, é sugerido pelo texto.
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Língua Portuguesa I
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Como
você já deve ter notado, as atividades e os textos humorísticos são
espaços
que privilegiam a construção de textos com conteúdos – pressupostos –
implícitos.
Vamos para a unidade IX - Construção dos gêneros
textuais? Até lá!
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Língua Portuguesa I
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Para podemos entender bem a tipologia textual, é
necessário, antes de tudo, reconhecermos o seu modo de organização discursiva e
as características peculiares a cada um deles. De imediato,podemos dizer que
existem,basicamente, três tipos de textos: a descrição,
a narração e a dissertação.
Primeiramente, leia o trecho abaixo:
“Descrever, narrar e
dissertar são, na verdade, as três formas básicas com que, em nossa vida
cotidiana, desvendamos as situações reais, as situações imaginárias, o
entrelaçamento daquilo que chamamos dia-a-dia e daquilo que chamamos fantasia,
na e pela linguagem. Trata-se das várias linguagens da linguagem, da
diversidade de procedimentos através dos quais vamos encorpando e solidificando
a nossa
capacidade de expressão. [.... } Do descrever ao narrar percorremos
muitos caminhos
dentro de nós. Todos eles, de uma forma ou de outra, convergem para o dissertar.”
dentro de nós. Todos eles, de uma forma ou de outra, convergem para o dissertar.”
AMARAL,
Emília & ANTÔNIO, Severino. Novíssimo curso vestibular – redação I. São
Paulo: Nova Cultural, 1990. p. 2.
Resumindo, temos na descrição
o registro de características de pessoas,
objetos,lugares;
na narração, o relato
de um fato contado por um narrador e, na dissertação, a
expressão de opinião a respeito de um assunto.
É bom ressaltar que esses tipos de textos se misturam e é
fácil encontrar elementos descritivos, narrativos e dissertativos num mesmo
texto, com a predominância de um ou de outro. A narração de um passeio,por
exemplo,poderá ser predominantemente narrativa, mas também pode apresentar
descrições de lugares e pessoas e, por fim, trazer um comentário sobre o
descuido em que a prefeitura deixou determinado lugar. Nesse caso, teremos, sem
dúvida, características dissertativas.
A seguir,
colocaremos um quadro-resumo das principais características de cada formatação
textual:
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NARRAÇÃO:
·
relato de fatos;
·
presença de narrador,
personagens, enredo, cenário, tempo;
·
apresentação de um conflito;
·
uso de verbos de ação;
·
geralmente, é mesclada
de descrições;
·
o diálogo direto e o indireto são
frequentes.
DESCRIÇÃO:
·
retrato de pessoas,
ambientes, objetos;
·
predomínio de atributos; uso de verbos de
ligação;
·
frequente emprego de metáforas, comparações
e outras figuras de linguagem;
·
tem como resultado a
imagem física ou psicológica. DISSERTAÇÃO:
·
defesa de um argumento: a) apresentação de
uma tese que será defendida; b) desenvolvimento ou argumentação; c) fechamento.
·
predomínio da linguagem
objetiva;
·
prevalece a denotação.
CAMPEDELLI,
Samira Yousseff & SOUZA, Jésus Barbosa. Produção de textos & usos da
linguagem – curso de redação. São Paulo: Saraiva, 1998. p. 89.
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Começaremos
o nosso estudo de tipologia textual pela NARRAÇÃO – relato centrado em um fato ou acontecimento. É um tipo de texto
marcado por uma progressão temporal, em que
atuam personagens e um narrador, cujo papel é relatar
a ação.
As
ações narradas direcionam-se para um conflito, desenvolvidas sempre numa linha de tempo e
num determinado espaço.
Vamos agora discorrer acerca dos elementos da narrativa:
1.
ENREDO = caracteriza-se pelo
desenrolar dos acontecimentos na trama da narrativa. É o fato em si.
2.
NARRADOR = é aquele que
narra,relata os fatos. Quando o narrador participa dos acontecimentos narrados,
temos a ação em 1ª
pessoa,
portanto, ele é um narrador-personagem. Já,
quando o narrador não participa,mas fica observando tudo o que ocorre, temos a
ação em 3ª pessoa e o denominamos onisciente ou narrador-observador.
3. PERSONAGENS = são aqueles que
vivenciam os acontecimentos. Ao(s) personagem(ns) principal(is), chamamos protagonista (s) e àquele(s) que se opõe(m) ao primeiro, antagonista (s).
4. AMBIENTE = caracteriza o espaço, o cenário
pelo qual os personagens transitam e onde se desenrolam os acontecimentos.
5.
TEMPO = diz respeito à
época, ao momento em que acontecem os fatos. Podemos classificar o tempo em
duas modalidades: o tempo
cronológico – aquele em que os fatos são narrados no momento em que
estão acontecendo ou em que presente e passado se entremeiam, em forma de ‘ flash-back ' – e o tempo psicológico, em que o
tempo não mantém nenhuma relação com o tempo propriamente dito.
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Língua Portuguesa I
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As propostas de redação, normalmente,deixam claro o tipo
de texto desejado.
É
basicamente impossível fazer uma boa redação sem entender o que está sendo
proposto.
Assim, entraremos no nosso próximo conteúdo no quesito DESCRIÇÃO.

Conforme falamos anteriormente, estamos entrando no estudo dos tipos de
textos.
Aqui, falaremos da DESCRIÇÃO – uma das tipologias muito conhecidas de quem
fotografa, através da palavra, algo ou alguém.
Tenha
um bom aproveitamento do conteúdo!
É
através dos sentidos que construímos as imagens das pessoas, coisas ou
lugares.
Quando utilizamos a linguagem para expressar essa imagem que construímos,
elaboramos um texto descritivo.
Consultando
o Dicionário Eletrônico Houaiss – 2001, encontramos o vocábulo ‘ descrição ' assim definido:
A descrição tem
como característica básica o fato de ser o que os manuais de redação chamam de
‘retrato verbal’ de objetos, cenas, pessoas ou ambientes. O texto procura
trabalhar com as imagens, permitindo quase que uma visualização daquilo que
está sendo descrito
Nos
textos descritivos, predominam os adjetivos e as locuções adjetivas.
Normalmente, os períodos são curtos, prevalecendo as comparações.
Existem alguns tipos de descrição que devemos ressaltar.
Temos a descrição objetiva, que
procura transmitir uma imagem concreta e precisa, bem próxima da realidade,com
os detalhes que caracterizam o cenário bem nítidos. Já na descrição subjetiva, o narrador descreve a
personagem, partindo de um ponto de vista pessoal.
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REVISANDO:
A descrição pode ir além de um simples retrato. Muitas vezes,
transmite ao
leitor uma visão pessoal ou a interpretação
do autor acerca do que está descrito.
Quando o narrador não emite juízos de
valor,nem estabelece comparações de
caráter
subjetivo, transmitindo uma imagem concreta e precisa, bem próxima da
realidade, falamos que estamos diante de uma descrição
objetiva .
Já
a descrição subjetiva marca uma visão muito pessoal do narrador. Na verdade,
são impressões que transmitem um retrato bem íntimo daquilo que os personagens
são. Há, na descrição subjetiva, um juízo de valor a respeito dos hábitos,
costumes e até do perfil psicológico dos personagens.

Há, também, um tipo especial de descrição que
é a descrição
técnica, uma espécie de descrição objetiva que transmite a imagem
do objeto com vocabulário preciso, ligado ao um ramo da ciência ou tecnologia.
Como exemplo, podemos citar a descrição de determinados órgãos do corpo humano,
peças de automóvel, manuais de instrução e artigos científicos.
Raramente você verá um texto de ficção
exclusivamente descritivo. É comum encontrar trechos descritivos inseridos em
textos narrativos e dissertativos.
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Língua Portuguesa I
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Finalmente,é
bom ressaltar que,numa descrição, utilizamos os cinco
sentidos (visão,audição, olfato,gosto,tato e audição). Isso porque a realidade
que nos cerca pode ser apresentada através dos sentidos e depois interpretada
por imagens linguísticas (ou seja, pelas palavras)
Sendo assim, essas descrições fazem uso de adjetivos com
valor sensorial.
Em
seguida iniciaremos o estudo dos tipos de textos - a DISSERTAÇÃO – a
última das tipologias
textuais, que trata dos argumentos usados em textos opinativos ou
argumentativos.

Aqui,
estudaremos o mecanismo e as características de um texto dissertativo.
Veremos o
quanto usamos a DISSERTAÇÃO no nosso dia-a-dia,mesmo sem darmos conta disso. Um
excelente estudo para você!
Começaremos
respondendo à pergunta: O que é dissertar?
Dissertar
é expor uma ideia,argumentando,comparando e defendendo um ponto de vista.
As
características de um texto dissertativo podem ser resumidas em:
·
é um texto temático –
toda a sua evolução parte de um raciocínio;
·
é um texto que analisa e interpreta;
·
é um texto que aponta para relações lógicas
de ideias, fazendo comparações, mostrando correspondências, analisando consequências;
·
é um texto que usa,
preferencialmente, os verbos no presente.





·
INTRODUÇÃO: Consiste na
apresentação da ideia ou do ponto de vista que será defendido. É importante que
uma introdução:
·
defina a questão,
situando o problema;
·
indica o caminho que será seguido.
·
DESENVOLVIMENTO: consiste em se desenvolver o ponto de vista, tentando convencer o leitor.
Devemos usar,para isso,uma argumentação sólida,exemplificar, citar opiniões de
pessoas ou órgãos especializados, fornecer dados que promovam a fundamentação
do(s) argumento(s) empregado(s) por você.
·
CONCLUSÃO: é o desfecho do texto até aqui escrito. Ela deve ser coerente com o
desenvolvimento, com o(s) argumento(s) apresentado(s).
No que diz respeito à linguagem, deve prevalecer o sentido denotativo
das palavras e as orações deverão apresentar-se na ordem direta. É de vital
importância,em um texto dissertativo, que as ideias estejam coerentes umas com
as outras e os elementos coesivos – estudados na Unidade VII – explicitem e
liguem as relações entre as ideias expostas.
É fundamental, para que possamos elaborar um texto
dissertativoargumentativo,que preparemos um plano ou um roteiro, para que não
fiquemos perdidos,dando voltas em torno do tema. Num texto dissertativo,
devemos ser objetivos, impessoais e imparciais. Para tanto, devemos optar pela
3ª pessoa.
Podemos caracterizar a dissertação,levando-se em conta a pessoa do
discurso em que foi elaborada em dissertação
objetiva e dissertação subjetiva.

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Língua Portuguesa I
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Já
na dissertação subjetiva,
o autor perde o caráter impessoal e assume, de
forma explícita, um caráter subjetivo, pessoal. O verbo aparece em 1ª
pessoa do singular ou do plural, sendo esse último mais comumente encontrado.
Na dissertação, temos que definir um importante aspecto
que é a argumentação.
É muito comum ouvirmos falar de um texto dissertativoargumentativo
– aquele em que o enunciador busca convencer o leitor
sobre um determinado ponto de vista. Ao fazê-lo, ele se utiliza de elementos
básicos para a construção desse tipo de texto:a tese e
os argumentos. Na primeira, o enunciador expõe um ponto de vista sobre determinado
assunto polêmico e procura convencer o leitor de que essa opinião é a mais
adequada. E, para defender essa opinião, o autor deverá se valer dos argumentos
persuasivos, que procurarão confirmar a tese apresentada. A mais eficiente
forma de se argumentar é aquela que busca demonstrar a tese se baseando em fatos e não em hipóteses –
proposições que se admitem independentemente do fato de serem verdadeiras ou
falsa.
Ao redigirmos uma dissertação, é bom atentarmos para
alguns tópicos de vital importância. De modo geral, os assuntos são muito
amplos e abrangentes. Para isso, é preciso delimitarmos previamente o tema e,
depois, faz-se necessária a elaboração de um encadeamento lógico das ideias,
para que não nos atrapalhemos. Sugerimos fazer um esquema por parágrafos e ir
colocando, em forma de tópicos, as ideias que surgirem. Essas ideias,
normalmente, vêm sem qualquer ordem. É preciso, portanto, selecionar as
melhores e colocá-las em ordem de importância.
Chegamos ao final do conteúdo da nossa disciplina. Esperamos que você
tenha
feito um ótimo proveito das informações aqui dispostas e que faça bom uso das
mesmas.
Muito sucesso!
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