1 Processo de
Organização


Organizar E, como
todas as funções da administração, um processo de tomar deci-:". sEes. As
decisões de dividir o trabalho, atribuir responsabilidades a pessoas e
estabeleceE, mecanismos de comunicação e coordenação são decisões de
organização. As principalá etapas (ou deciSEles) no processo de organizar são
analisadas a seguir (Figura 9.1). Dependendo das circunstâncias, .a ordem das
etapas ou decisões pode variar.






ANÁLISE DOS I OBJETIVOS
DIVISÃO DO TRABALHO

DESENHO DA
ESTRUTURA
ORGANIZACIONAL
![]() |
I.
Analisar
os objetivos e o trabalho a serem realizados.
II.
Dividir
o trabalho, de acordo com os critérios mais apropriados para a repl zação dos
objetivos.
III.
Definir
as responsabilidades pela realização do trabalho.
IV. Definir os níveis de autoridade.
V.

Desenhar a estrutura organizacional.


Processo de Organização 179
A estrutura organizacional Ei a síntese do processo
de organizar. No estudo da estrutura organizacional, e nos tópicos que se
seguem, todas essas etapas serão examinadas.
2 Divisão do Trabalho

Em todas as organizações existe divisão do trabalho.
Uma barraca na feira, ou urna pizzaria, permite observar que os funcionários se
especializam em tarefas distintas, corno prestar o serviço, atender aos
clientes nas mesas, cuidar do suprimento de mercadorias e cuidar do caixa. Nas
grandes organizações, como as cadeias de pizzarias, bancos ou companhias
aéreas, hLlll grande quantidade de pessoas especializadas em realizar essas e
muitas outras tarefas.


|
|
|
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|
|
CRIAÇÃO DE
UNIDADES OU
BLOCOS DE TRABALHO (DEPARTAMENTOS) |
ANÁLISE DOS
OBJETIVOS |
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|
DIVISÃO DO
TRABALHO |
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Figura 9.3
Exemplo de divisão do trabalho em um grupo de estudantes.
2.2 Denominação das
unidades de trabalho

Li De uma organização para
outra, os departamentos podem ser chamados de unidades, setores, divisões,
gerências, diretorias, seções ou áreas. Esses nomes são arbitrários e cada
organização pode usar os nomes que quiser. Apenas no serviço público os nomes
são padronizados: o. governo federal divide-se em ministérios, que
se dividem em secretarias, que se dividem em divisões e assim por diante.
Li Em certos casos, o
departamento tem uma única função da organização (por exemplo, departamento de
administração de recursos humanos). Em outros, um departamento concentra
diversas funções (departamento de administração de recursos humanos e de
serviços gerais, por exemplo).
3 Definição de
Responsabilidades


EI Um cargo El a menor unidade de trabalho da
estrutura. organizacional.. Um cargo consiste em um conjunto de tarefas ou
atividades que uma pessoa (ocupante do cargo) deve desempenhar. HEl cargos que
têm um único ocupante (por exemplo, o cargo de presidente), ou um número
pequeno de ocupantes (secretárias e analistas), bem como cargos com grande
número de pessoas que os ocupam (auxiliares, professores e montadores). Os
cargos que têm mais de um ocupante são chamados de posições.
Os cargos
têm títulos que identificam a tarefa principal (ou profissão) do ocupante:
montador, secretária, professor, assistente do gerente geral, diretor de
recursos humanos. O conteúdo do cargo especifica as tarefas ou responsabilidades
(também chamadas funções do cargo) que o ocupante deve desempenhar. Veja agora
como ficou a divisão do trabalho no grupo de cinco alunos, na Figura 9.4.
![]() |
![]() |
||

182 Introdução Ll Administração •Amaru Maximiano
Figura 9.5 Exemplo de uma
descrição de cargo.
|
CARGO: ANALISTA DE
ADMINISTRAÇÃO DE PESSOAL
RESPONSÁVEL PELAS
ATIVIDADES DE ANÁLISE E EXECUÇÃO RELACIONADAS A MOVIMENTAÇÃO E REGISTRO DE
FUNCIONÁRIOS, FOLHA DE PAGAMENTO, RESCISÃO, CÁLCULOS DE RECOLHIMENTOS,
VISANDO CONTRIBUIR PARA O CUMPRIMENTO DA LEGISLAÇÃO PREVIDENCIE:RIA,
TRABALHISTA E PROCEDIMENTOS INTERNOS DA EMPRESA.
|
|
|
TAREFAS ESPECÍFICAS:
CONTRIBUIR PARA A CORRETA
MANUTENÇÃO DO SISTEMA DE FOLHA DE PAGAMENTO, POSSIBILITANDO OS CÁLCULOS PARA
CONFERÊNCIA E DEPÓSITOS,
ATRAVÉS DA APURAÇÃO E CONTROLE DOS DADOS DE
ADMISSÃO,
RECOLHIMENTOS, FÉRIAS, RESCISÕES E DAS
INFORMAÇÕES RECEBIDAS DA ÁREA DE BENEFÍCIOS.
CONTRIBUIR PARA OS CÁLCULOS DE RESCISÕES DE
CONTRATO DE TRABALHO, ATRAVÉS DA ANÁLISE DOS DADOS E EXTRATOS DE FGTS, E PARA A
HOMOLOGAÇÃO CONFORME O TEMPO DE SERVIÇO DO EX-FUNCIONE:RIO.
CONTRIBUIR PARA O
CUMPRIMENTO DA LEGISLAÇÃO TRABALHISTA E ORGANIZAÇÃO DA ÁREA, MEDIANTE MANUTENÇÃO
DO BANCO DE DADOS, FICHAS DE REGISTROS, CONTROLE DE ALTERAÇÕES DE TRANSPORTES,
CARTEIRAS DE TRABALHO, EMISSÃO E ARQUIVO DA DOCUMENTAÇÃO DOS EMPREGADOS E NA
DISTRIBUIÇÃO DOS BENEFÍCIOS DE VALE-REFEIÇÃO E VALE-TRANSPORTE.
4 Autoridade

A atribuição de autoridade
implica dois conceitos fundamentais do processo de organização: hierarquia e
amplitude de controle (Figura 9.6).
4.1 Hierarquia











acima (ou reportam-se para as que estão
acima). Essa disposição da autoridade em níveis chama-se hierarquia ou cadeia
de comando. A quantidade de níveis chama-se número de escalões hierárquicos.
Na
maioria das organizações, os gerentes agrupam-se em três níveis hierárquicos
principais: executivos, gerentes intermediários e supervisores ou equipes
autogeridas (Figura 9.7).

























184
Introdução L Administração •Amaru Maximiano
4.1.1
Executivos
No alto da hierarquia, no primeiro nível, ou primeiro
escalão, encontram-se os executivos. Diretor, superintendente e presidente
são palavras que indicam os ocupantes dos cargos mais importantes da
hierarquia, que formam a alta administração e têm autoridade sobre todos os
demais gerentes. Acima dos executivos, encontram-se em algumas organizações
órgãos colegiados ou conselhos, que representam acionistas ou membros de uma
sociedade.
As tarefas mais importantes da alta administração
relacionam-se com a definição de objetivos e recursos, e avaliação e correção
do desempenho da organização.
4.1.2
Gerentes intermediários
No segundo nível, abaixo dos executivos, encontram-se
os gerentes intermediários. Os gerentes intermediários são responsáveis pela
coordenação das unidades de trabalho chamadas departamentos, divisões ou
gerências. São eles que transformam os grandes objetivos da alta administração
em objetivos específicos, definem e mobilizam recursos e controlam a realização
das atividades.
Os gerentes intermediários cuidam de partes
especializadas ou funções da organização: produção, finanças, marketing,
recursos humanos. Abaixo dos gerentts. intermediários, ficam os supervisores e
as equipes autogeridas.
4.1.3
Supervisores e equipes autogeridas
No último nível, o mais baixo, encontram-se os
supervisores e, em alguns casos,
líderes de equipes
autogeridas. • e-
·
Líder e supervisor são
designações normalmente utilizadas para os que chefiam grupos formados por
funcionários operacionais, responsáveis pela realização de tarefas que fornecem
produtos e serviços aos clientes. Os funcionários'operacionais podem ser
cientistas, operários especializados ou trabalhadores braçais sem
especialização. Tudo depende da natureza do trabalho, dos conhecimentos
exigidos e do tamanho da organização. HLl tantos tipos de
supervisores quantas são as possibilidades de trabalho operacional. No javado,
owieervisores.--- eram chamados de capatazes que dirigiam e controTii-farri
as atividades dos trabalhadores operacionais. Os capatazes transmitiam ordens e
asseguravam que fossem cumpridas. Com
o tempo, os supervisores transformaram-se em facilitadores que ajudam os grupos
a tomar decisões por conta própria. Em certos casos, não hLll supervisores. Seu
papel Lil substituído pela autogestão dos . grupos de trabalho.
·
Grupos autogeridos. Em algumas
organizações, as equipes de funcionários, no nível operacional, não têm chefes.
Todas as equipes estão ligadas dketarrrente, a um gerente, sem supervisores
intermediários. Nesse caso, conhecko cifrão_ - autogestão, as equipes (grupos
ou equipes autogeridas) têm responsOilidade e autoridade para tomar e
implementar a maioria daLdecisLes que cabem
I. • g



aos chefes do caso anterior. HLl administração, mesmo não havendo
administradores formalmente designados. A liderança dos grupos autogeridos de
trabalho Lil um papel que todos os integrantes podem desempenhar em regime de
revezamento.
4.2 Amplitude de
controle

As decisões sobre a amplitude de controle, de forma
geral, apresentam duas possibilidades principais. Essas duas possibilidades
apresentam-se nos casos de crescimento da organização e de mudança da estrutura
organizacional.
I. Estrutura achatada, com grande número de
subordinados por chefe, e um pequeno número de chefes (Figura 9.8).





II. Estrutura aguda, com
grande número de chefes e pequeno número de subordinados por chefe (Figura
9.9).
Na primeira alternativa, a amplitude de controle L] grande e o
número de escalões Li pequeno. No segundo caso, ocorre a situação inversa. Para
identificar a amplitude de controle de uma organização, conta-se o mLniero de
gerentes que se subordinam a outros gerentes e calcula-se a média.

186 Introdução fl Administração •Amaru Maximiano

Definir a amplitude ideal El
uma questão que jEl foi objeto de vários estudos. Um desses estudos, feito por
Barkdull, analisou os seguintes fatores que afetam a eficácia da amplitude de
controle:
El Similaridade das funções
supervisionadas.
El Proximidade dos
subordinados.
El Complexidade das funções
subordinadas.
El Direção e controle
requeridos pelos subordinados.
El
Coordenação requerida.
El Importância, complexidade
e tempo de planejamento exigido pelas tarefas.
Cada um
desses fatores foi dividido em graus, e cada grau foi ponderado, de modo a
refletir a influência sobre a amplitude de controle. Por exemplo, quanto maior
a similaridade das funções supervisionadas, maior poderá ser a amplitude de
controle, como acontece com os alunos de uma escola de informática. Por outro
lado, se os subordinados precisam de muita supervisão e controle (como El o
caso de um grupo de aprendizes), a amplitude de controle deve ser menor. A
ponderação usada por Barkdull está retratada na Figura 9.10, que deve ser
interpretada da seguinte maneira: quanto mais alto o número associado a um grau
(ou ponto da escala), menor deve ser a amplitude de controle.






SIMILARIDADE
DAS FUNÇÕES
|
1
|
2
|
3
|
4
|
5
|
IDENTICAS
|
ESSENCIALMENTE PARECIDAS
|
SIMILARES
|
INERENTEMENTE
DIFERENTES |
ESSENCIALMENTE DISTINTAS
|
|
PROXIMIDADE
GEOGRÁFICA
|
1
|
2
|
3
|
4
|
5
|
TODOS JUNTOS
|
TODOS EM
UM EDIFÍCIO |
EDIFÍCIOS
SEPARADOS,
UMA
INSTALAÇÃO
|
INSTALA ÇÕES
SEPARADAS, UMA ÁREA GEOGRÁFICA |
ÁREAS
GEOGRÁFICAS
DISPERSAS |
|
COMPLEXIDADE
DAS FUNÇÕES
|
2
|
4
|
6
|
8
|
10
|
SIMPLES E
REPETITIVAS |
ROTINEIRAS
|
ALGUMA
COMPLEXIDADE |
COMPLEXAS E
VARIADAS |
ALTAMENTE
COMPLEXAS E VARIADAS |
|
DI RE
ÇÃO E CONTROLE REQUERIDOS
|
3
|
6
|
9
|
12
|
15
|
SUPERVIS ÃO E
TREINAMENTO M ÍNIMOS |
SUPERVIS ÃO
LIMITADA |
MODERADA
SUPERVIS ÃO PERI ÓDICA |
SUPERVISÃO
FREQ ÜENTE E CONTÍNUA |
CONSTANTE
SU PERVIS ÃO CERRADA |
|
COORDENA
ÇÃO REQUERIDA
|
2
|
4
|
6
|
8
|
10
|
RELA ÇÕES
MÍNIMAS COM OUTROS |
RELA ÇÕES
LIMITADAS A TEMAS DEFINIDOS |
RELAÇÕES
MODERADAS FACILMENTE CONTROL ÁVEIS
|
RELAÇÕES
INTENSAS |
RELA ÇÕES
M ÚTUAS, INTENSAS E N ÃO REPETITIVAS |
|
PLANEJAMENTO
REQUERIDO
.vaer‑
, - ,
|
2
|
4
|
6
|
8
|
10
|
ESCOPO E
COMPLEXIDADE M ÍNIMOS |
ESCOPO E
COMPLEXIDADE LIMITADOS |
ESCOPO E
COMPLEXIDADE MODERADOS |
CONSIDERÁVEL ESFORÇO REQUERIDO, ORIENTADO APENAS POR
Ila kICAS ',•GERAIS
|
INTENSO
ESFORÇO REQUERIDO; POL ÍTICAS E ÁREAS N ÃO ESPECIFICADAS
•.
|

5 Centralização e
Descentralização

Por meio da delegação, os ocupantes de determinados
cargos transferem parte de suas atribuições e sua autoridade para os ocupantes
de outros cargos. A delegação pode alcançar apenas tarefas específicas ou um
conjunto de tarefas.
A delegação El parte integrante do processo de
divisão do trabalho. Sempre que uma tarefa passa por um processo de divisão,
alguém fica responsável pela execução de certas tarefas. Quando as tarefas são
acompanhadas pelo poder para tomar decisões, a autoridade foi delegada.
5.1 Delegação entre
pessoas

. O
dirigente que sabe delegar pode supervisionar maiS:pLIsSoas. Além disso, a de-
legaL1iE9 ajuda o desenvolvimento ;da equipe, porque envolvEl as
pessoas na resolução de problemas e tomada de decisões. Delegar é, portanto,
urna habilidade gerencial. Os gerentes que não conseguem delegar são chamados
centralizadores.
5.2 Descentralização
entre departamentos

A descentralização da autoridade não deve ser
confundida com a descentralização de atividades, ou dispersão geográfica das
operações (que pode ser ou não ser acompa-
nhada de descentralização de
autoridade). rides
organiza_Eoes, que têm operações



em muitas localidades, costumam ter atividades descentralizadas. Por
exemplo, muitas multinacionais que operam no Brasil, assim como em outros
países, têm atividades de produção, vendas e finanças descentralizadas
geograficamente. Cora freqüência, as subsidiárias locais têm o poder para tomar
decisões sobre produtos, preços, promoções e assim por diante.
5.3 Centralização ou
descentralização?

![]() |
DESVANTAGENS
|
||
CENTRALIZADA
|
ORGANIZAÇÃO ORGANIZAÇÃO
-
i DESCENTRALIZADA
|
. ORGANIZAÇÃO CENTRALIZADA
|
.
ORGANIZAÇÃO;
.DESCENTRALIZADA |
D
Uniformidade de
procedimentos |
D Gerentes autônomos e responsáveis por suas decisões
|
D
Dependência da
hier"átAuia para tomar decisões |
D Perda de
uniformidade
|
D Facilidade
de controle
|
D Facilidade
de avaliar gerentes
|
D Uniformidade impede competição
|
D Tendência ao desperdício e duplicação
|
D Rapidez na comunicação vertical
|
D Competição positiva entre unidades
|
D Dependência da hierarquia para avaliar
gerentes
|
D Comunicação dispersa
|
D Acesso rápido à informação
|
D Criatividade na busca de
soluções
|
D DesestEmulo O criatividade
|
D Dificuldade de localizar responsáveis
|
D Reduzida duplicação de esforços
|
D Agilidade na tornada de
decisões
|
D Ineficiência no uso dos
recursos
|
D Dificuldade de controle e avaliação
|




190 Introdução L1
Administração •Amaru Maximiano
uma adaptação do princípio clássico de que "a forma segue a
função". Isso significa que a estrutura organizacional Lil uma ferramenta
para realizar objetivos, que retrata todas as decisões sobre a divisão do
trabalho e a atribuição de autoridade.
A estrutura organizacional mostra a autoridade e as
responsabilidades das pessoas, como indivíduos e como integrantes de grupos.
Além disso, a estrutura organizacional mostra a comunicação entre as pessoas e
os grupos. A estrutura organizacional Li um conceito, representado pelo gráfico
chamado organograma.
6.1 Desenho do
organograma

![]() |
|||
![]() |
|||


Li Divisão do trabalho e definição de
responsabilidades: CW-retângúlos indicam como foi feita a divisão do trabalho.
Cada retângulo representa um bloco (ou unidade) de trabalho e, ao mesmo tempo,
as responsabilidades de cada pessoa ou grupo de pessoas pela execução de
atividades. Em alguns organogramas, são desenhados apenas os cargos; em outros,
os departamentos e os cargos. A definição de responsabilidades Ll indissociável
dos processos de gestão de pessoas, que serão estudados na Parte IV do livro.
LI Autoridade e hierarquia. No
organograma, o número de níveis em que os retângulos estão distribuídos mostra
como a autoridade está graduada, do gerente que tem mais autoridade, no topo da
estrutura, até o que tem menos autoridade, na base da estrutura. Hierarquia Lil
sinônimo de cadeia de comando

— o poder de dirigir desce de cada nível para o imediatamente
inferior, que tem a obrigação de obedecer.
ElComunicação. As linhas que ligam os retângulos
mostram também sua interdependência. O sistema de comunicações de uma estrutura
organizacional fornece a interligação das unidades ou blocos de trabalho e
possibilita sua ação coordenada.
6.2 Linha e assessoria

Uma unidade de trabalho que em muitas organizações
tem papel de assessoria Li a comunicação social. Essa assessoria realiza
atividades como: auxiliar os gerentes da organização nas atividades de
comunicação com o público externo (por exemplo, orientando-os quando precisam
dar entrevistas) e fornecer informações para os órgãos de comunicação social. A
área jurídica também Li uma unidade de trabalho que em muitas organizações
desempenha um papel de assessoria.
Na Figura 9.14, os dois tipos de estrutura organizacional — linha e
linha e assessoria — estão representados.



















não hD interferência entre ASSESSORIA: o
chefe D auxiliado
chefe e subordinados. por
uma função de apoio, ao lado
da linha de comando.
Estudo de Caso: A
Comissão de Estudos

mmi:imç:z,,--.--.,

192 Introdução L Administração •Amaru Maximiano
|
![]() |
logia e Novos Produtos, subordinado Li Diretoria de Engenharia, onde
trabalham três engenheiros, dez técnicos de nível médio e outros funcionários
de apoio, totalizando 18 pessoas. O Gerente do Centro de Tecnologia chama-se
Joaquim Cohen.
HEil pouco tempo, Joaquim recebeu a solicitação de
começar a pensar no desenvolvimento de uma nova máquina.
Numa reunião da Diretoria, Joaquim foi convidado para
debater preliminarmente a idéia e propôs a formação de uma comissão para
facilitar o andamento do projeto. Ele tinha estudado e lido a respeito de
trabalho de grupo e decidiu que esta era a oportunidade para aplicar essa
idéia.
— E como seria essa comissão?, perguntou um dos
diretores. Joaquim respondeu:
- O projeto vai
interferir em toda a empresa. Não vai ficar confinado no Centro de Tecnologia e
Novos Produtos, embora deva ser desenvolvido lEl dentro. Vai ser preciso obter
informações e empregar recursos de várias áreas, subordinadas a outras
diretorias. Além da minha, naturalmente. EI importante lembrar que o projeto
oferece interesse para muitas unidades desta empresa. Assim, penso que seria
desejável contar com uma comissão de estudos para acompanhar e facilitar o
andamento do projeto dentro da empresa. Essa comissão, estou achando, deve ter
representantes do Centro de Tecnologia, da Engenharia de Produção, do
Departamento de Marketing e da Assistência aos Clientes.
- Duas perguntas, Joaquim, disse um dos diretores.
Primeira: por que essa com- posição? Segunda: o representante da tecnologia
seria você mesmo, exercendo a liderança da comissão?
- Bem, primeira
pergunta. A área de marketing tem muito interesse no projeto. Eles vão
comercializar o produto e têm informações sobre o mercado. A engenharia de
produção vai detalhar o projeto para entrar em linha de fabricaLILo. A
assistência técnica conhece os problemas de funcionamento de nossas máquinas no
mercado e vive insistindo em dar palpites nos nossos projetos. Segunda
pergunta... vejam, jLil estou muito ocupado com outros projetos e essa comissão
vai-me ajudar a evitar sobrecarga. Eu gostaria de indicar Maurício Zimmer, um
dos meus engenheiros, para representante da tecnologia. Além disso, se vocês
concordarem, eu sugiro que o Marcos Carneiro seja o representante da área de
marketing. Ele Elil muito objetivo, comunica-se com facilidade, tem capacidade
de síntese e acesso a vocês. Essas qualidades ajudariam muito o projeto, e, se
alguém deve liderar a comissão, ele El a pessoa indicada.




Processo
de Organização 193
Uma primeira reunião foi marcada e os diretores
assumiram o compromisso de convocar e enviar seus representantes. Voltando a
seu escritório, Joaquim chamou Maurício Zimmer, seu principal engenheiro.
- Zimmer, a diretoria aceitou a proposta da comissão.
Depois de amanhã vai ser realizada a primeira reunião e você vai representar
nosso centro. Como você se lembra, essa comissão deverá estudar e propor
soluções para o projeto, conciliando os interesses de todas as unidades
envolvidas.
- Fico satisfeito com a aprovação de sua idéia e com
essa responsabilidade que você me entregou. Acho que a oportunidade Li
excelente para integrar diversas áreas da empresa num projeto nosso. Isso
chamará atenção sobre nosso trabalho e ganharemos maior reconhecimento dentro
da empresa.
Logo de início, a comissão desenvolveu grande senso
de responsabilidade e entusiasmo pelos destinos do projeto. Para todos ali, o
trabalho era uma completa novidade. Por consenso, a comissão passou a tomar
decisões por conta própria, superando o papel previsto por Joaquim, de
atividade meramente consultiva.
As decisões criavam tarefas que eram divididas entre
os membros da equipe. Ao sair das reuniões, cada um ia cuidar dos compromissos
que tinha assumido ou que lhe tinham sido atribuídos pelo grupo. Na reunião
seguinte, cada um fazia um relatório verbal do cumprimento dessas tarefas. A
função de liderança diluiu-se entre todos, e Marcos Carneiro, o homem de
marketing, ficou fazendo o papel de "pino de ligação' com a diretoria
executiva. A comissão, por meio de Marcos Carneiro, passou a relacionar-se
diretamente com a diretoria.
Em pouco tempo, a equipe transformara-se no gerente
do projeto, para o qual estabeleceu a data de término. Todas as decisões eram
imediatamente implementadas, criando atividades que passaram a ser realizadas
no centro de tecnologia.
A certa altura, Joaquim começou a pensar que havia
perdido a autoridade sobre seu próprio projeto. Ficou certo disso quando propôs
a Zimmer uma solução técnica para uma etapa do projeto e ele respondeu:
— Lamento, Joaquim, mas antes de implantar sua
proposta tenho que consultar os outros colegas da comissão. Aliás, a comissão
poderá até mesmo recusar sua idéia.
De fato, a comissão desconsiderou a proposta de
Joaquim. Depois, Joaquim pediu que a comissão fizesse atas de suas reuniões,
mas eles recusaram também isso, com o argumento de que seria improdutivo
"burocratizar" o projeto. Com
muito custo, acabaram concordando em fazer resumos das decisões e encaminhar
cópias a Joaquim. Depois de outros sintomas como esses, Joaquim foi falar com
seu chefe, o diretor de engenharia.
— Chefe, eles se apossaram de poderes de decisão que
sempre julguei serem meus. Acho que, dessa maneira, estou perdendo a
autoridade, e não quero ser visto como gerente fraco.
7.01.11•MUlgaleX-"47.7"MR
i7;44.7 tf
r2. A


Mais tarde, depois do
trabalho, Joaquim encontrou-se com um antigo colega de escola e contou-lhe o
caso. Respondendo a seu pedido de uma opinião, disse o amigo:
Parece que seu diretor tem razão, camarada. Criando a comissão, você
e a empresa delegaram-lhe funções gerenciais. Ou seja, vocês criaram um núcleo
de autoridade que, sabendo ou não disso, assumiu plenamente suas responsabilidades,
o que me parece muito favorável. Ultimamente tenho ouvido falar de autogestão.
Eu acho que se trata de competência gerencial sinérgica dessa comissão. Veja
bem, não sei se essa expressão El correta. Estou apenas tirando minhas
conclusões do que você me contou.
Questões
1.
Que tipo de autoridade tem Joaquim sobre o Centro de
Tecnologia?

2.
Que tipo de autoridade tem a diretoria sobre Joaquim?
3.
Que tipo de autoridade tem Joaquim sobre a comissão?
4.
Que tipo de autoridade tem a diretoria sobre a comissão?
5.
A criação da comissão D um exemplo de descentralização?
6.
Que tipo de comunicação a comissão passou a ter com a diretoria depois
de criada?
7.
Como se explica o comportamento da comissão, que provocou as dúvidas de
Joaquim?
8.
Quais as razões das dúvidas de Joaquim?
9.
Coloque-se no lugar de Joaquim. Como você teria agido?
10.
Coloque-se no lugar do colega de Joaquim, no final do caso. O que você
teria dito a ele?





1.1
w!k: S lsT.
Objetivos

· Descrever e explicar os diversos critérios
para a montagem da estrutura organizacional.
· Explicar a diferença entre função e
departamento.
· Explicar as situações a que se aplicam os r!i ?.entes critérios de departamentalizaLllo.
Introdução

Por
exemplo:
· Pode-se atribuir a cada departamento a
t-',;_refa de ãtender a um tipo específico de
cliente, 4 o objetivo'
|

196 Introdução D
Administração D Amaru Maximiano
Li atender diferentes tipos de
clientes. Cada departamento se especializa no atendimento de um tipo de
cliente.
Li Pode-se
atribuir a cada departamento a tarefa de fornecer um tipo específico de produto
ou serviço, se o objetivo Li fornecer diferentes tipos de produtos e serviços.
Cada departamento se especializa no fornecimento de um tipo de produto ou
serviço.
Li Pode-se
atribuir a cada departamento a tarefa de atender a determinada área geográfica,
se o objetivo Lil cobrir um grande território. Cada departamento se especializa
na cobertura de determinada área geográfica.
Nos exemplos
apresentados, cliente, produto e área geográfica são os critérios de
departamentalização. Esses e outros critérios (ou bases) definem as
responsabilidades especializadas dos blocos da estrutura organizacional.
Os principais critérios de departamentalização
são os seguintes:
Li Funcional.
Li Territorial
ou geográfico.
Li Produto.
Li Cliente.
Li Áreas do conhecimento.
Li Projetos — projet6 funcional, projeto autônomo e estrutura
matricial.
Li Processos.
Li Unidades de negócios.
Organização
Funcional


A
departamentalizaLIão funcional consiste em atribuir a cada uma das unidades de
trabalho a responsabilidade por uma função organizacional — operações,
marketing, finanças, recursos humanos e assim por diante. A Figura 10.1
apresenta as principais funções de qualquer organização e as unidades de
trabalho correspondentes.
Em uma
estrutura organizacional dividida segundo o critério funcional, hLl um administrador
principal que comanda o conjunto todo e, logo abaixo, cada integrante do
primeiro escalão hierárquico Li responsável por uma função específica:
produção, vendas, finanças e assim por diante. O critério funcional também Li
usado sucessivamente, dentro dos departamentos. Nessa divisão sucessiva, o
trabalho Li organizado de acordo


Estrutura Organizacional 197








com as operações principais dos departamentos de primeiro nível. A
Figura 10.2 mostra o critério funcional aplicado L organização total e a cada
um de seus departamentos.
|

GERAL

|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
INDUSTRIAL
|
MARKETING
|
FINANÇAS
|
LOGÍSTICA
|
RECURSOS
|
|||||
|
|
|
|
|
|
|
|
HUMANOS
|
|
|
|
|
|
ADM.
|
|
COMPRAS
|
|
PESSOA
|
|
- PRODUÇÃO
|
VENDAS
|
|
L
|
||||||
MANUTENÇÃO
|
|
PROMOÇÃO
|
|
FINANCEIRA
|
|
ARMAZÉNS
|
|
|
|
|
SERVIÇOS
|
||||||||
D ENGENHARIA
|
|
|
|
|
|
DISTRIBUIÇÃO
|
|
GERAIS
|
|
PESQUISA
|
TESOURARIA
|
|
|||||||
|
|
|
|
|
|
|
|
|
ÇA
|
UTILIDADES
|
ASSISTÊNCIA
|
CONTABILIDADE
|
SEGURAN
|
||||||
|
|
TÉCNICA
|
|
|
|
|
|
BENEFÍCIOS
|
|
|
1.1 Aplicações do
modelo funcional


LI Manufaturam apenas um
produto ou fornecem apenas um serviço.
Nesses três casos, hLl um problema básico muito claro
a ser resolvido: fabricar e vender um produto ou prestar um serviço a um tipo
específico de clientes, que são poucos ou se distribuem num território
limitado. O fornecimento do produto ou serviço El a missão. A missão Lll
critério principal a partir do qual as funções se desdobram e os departamentos
são criados.
O modelo funcional também El usado por grandes
empresas que apresentam as seguintes condições:
LI Pequena diversificação tecnológica ou de produtos
(pequena variedade de produtos ou todos os produtos fabricados usando a mesma
tecnologia básica).
LI Venda e distribuição dos produtos pelos mesmos
tipos de canais. LI Execução de operações em uma mesma área geográfica.
LI Ambiente externo estável (consumo, fornecimento e
concorrência relativamente constantes).
Nas organizações
estruturadas pelo critério funcional, nem sempre hLl um departamento para cada
função, nem um gerente individual para cada departamento. Nas pequenas
organizações, LI provável que os responsáveis principais tenham que se deslocar
de uma função para outra ou acumular cargos, conforme as necessidades e as
competências individuais. LI o caso do sócio-presidente de uma empresa de
pequeno porte que acumula o cargo de diretor de vendas e de vendedor. Isso
também pode acontecer num grande empreendimento, quando uma pessoa Ll promovida
e passa a ocupar um novo cargo, permanecendo também no antigo até que venha um
substituto, ou quando alguém pede demissão e não hEil condições de substituí-lo
de imediato, sendo necessário que outro gerente acumule seu cargo. Embora o
ocupante seja a mesma pessoa, a divisão do trabalho deixa claro que se trata de
cargos e responsabilidades distintas.
1.2 Características da
organização funcional

LI O administrador principal tem pleno controle dos
destinos da organização e segurança de que as atividades se orientam para a
missão. LI muito fácil atribuir, localizar e cobrar responsabilidades dentro de
uma estrutura onde a divisão de tarefas Ll cristalina.





Li O número de gerentes
tende a ser econômico.
LI O desenvolvimento da experiência e da competência
técnica Lil facilitado por causa da concentração de especialistas funcionais,
que ficam juntos dentro dos mesmos grupos.
LI Com o aumento da especialização e da competência,
torna-se fácil absorver novas técnicas e conceitos relacionados com as
operações de cada área funcional.
LI Se o tamanho aumenta muito, certos problemas podem
surgir. Entre eles, a excessiva especialização: as funções vão-se subdividindo
sucessivamente e criando novas camadas funcionais e novos cargos
especializados. A estrutura tende a tornar-se complexa, piramidal e feudal,
acarretando um distanciamento dos objetivos principais.
Nos demais tipos de departamentalizaLlEo analisados a
seguir, a ênfase desloca-se das funções para outros critérios. Isso significa
apenas que as funções deslocam-se para outros níveis hierárquicos ou outras
posições no organograma. Em todos os tipos de organização, as funções sempre
estão presentes. Por essa razão, todas as estruturas organizacionais, com
exceção das organizações de projetos, são chamadas estruturas funcionais.
Em seguida, serão analisadas três estruturas
importantes derivadas da estrutura funcional básica: territorial, por produto e
por cliente.
2 Organização
Territorial

LI isso o que ocorre quando os clientes estão
dispersos ou quando a própria organização, para atendê-los ou para satisfazer
a alguma outra necessidade sua, como a obtenção de insumos, tem instalações com
certo grau de autonomia em localidades distintas.
2.1 Aplicações do
modelo territorial

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As.n.i ::577:4-%.'%#'.IXIM11111
200 Introdução q Administração
"'Amaro Maximiano
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dispers ão geográfica de todas as
atividades. Nesse caso, cada território torna-se virtualmente uma empresa
distinta (ou unidade territorial de neg ócios). q o caso das grandes corpora ções multinacionais,
para as quais cada pa ís normalmente, uma divis ão.
Nos níveis que ficam
abaixo do administrador principal, q muito comum usar o critério territorial para
organizar as áreas de vendas e de prestação de servi ços, especialmente quando
a organização concentra suas atividades produtivas e administrativas num lugar
(ou matriz), mas tem opera ções comerciais e de serviços em áreas dispersas.
A Figura 10.3 mostra a estrutura b ásica de uma empresa que segue o
critério territorial no primeiro nível e o funcional no nível seguinte.
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2.2 Características do modelo territorial
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Muitas das características
do modelo funcional repetem-se no modelo territorial. Outras são específicas:
q A administração geral tem pleno controle do desempenho em cada
unidade regional e no conjunto. q possível individualizar e visualizar os resultados esperados para
a organização como um todo, região por região. Os administradores de cada
região podem ser responsabilizados e cobrados individualmente.
q Os administradores e funcionários de cada região tornam-se
especialistas em seus respectivos territórios. A organização, como um todo,
pode operar eficazmente em territórios totalmente distintos uns dos outros,
com características culturais diversificadas.
q Assessorado pelos administradores
regionais, o administrador principal pode tornar-se um generalista eficaz, com
domínio das especificidades de todas as regiões.
q
A estrutura
territorial oferece grande potencial de treinamento de mão-de-obra com visão de
diferentes culturas regionais.


Li Com o crescimento, podem aparecer disfunções.
Quando hLl diversificação de produtos e clientes nas diferentes regiões, a
divisão de responsabilidades pode ficar confusa. As unidades regionais podem
tornar-se tão independentes umas das outras, e da administração central, que
tende a haver redundância de funções. A organização, no conjunto, pode
tornar-se ineficiente.
LI Se um mesmo produto ou serviço for comercializado
em diferentes regiões, a organização pode ter dificuldades para decidir se sua
administração deve ser centralizada ou descentralizada.
LI As funções de produção, vendas e
finanças/administração podem estar localizadas em cada uma das regiões ou
centralizadas, subordinadas ao administrador principal.
3 Organização por
Produto

3.1 Ap-licaçães da organização
por produto

Uma das mais conhecidas organizações que usam o critério
da departamentalização por produto, e que praticamente criou a idéia, El a
General Motors. A GM aplicou pioneiramente esse critério para especializar os
processos de fabricação e comercialização de veículos. Cada marca (Chevrolet,
Cadillac, Oldsmobile etc.) passou a corresponder a uma divisão, responsável por
seus resultados. Essa estrutura organizacional tomou-se bastante popular entre
as organizações de grande porte, que trabalham com produtos diferentes.
3.2 Características da organização por produto

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N 5,7\ 5
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202 Introdução Ll
Administração •Amaru Maximiano
Li Li
medida que a linha de produtos e serviços de uma empresa se diversifica, as
tarefas necessárias para fornecê-los tendem a criar necessidades específicas,
que, por sua vez, exigem pessoas especializadas. A organização por produto Lili
capaz de atender Lls necessidades específicas de planejamento, fabricação e
distribuição dos diferentes produtos e serviços. Numa organização funcional
generalista, essas tarefas oferecem grandes dificuldades quando a linha de
produtos Lil diversificada.
Li A preocupação com o
produto e suas necessidades de planejamento, fabricaLiio e distribuição pode
estimular o aprimoramento contínuo e a inovação. Os funcionários tornam-se
extremamente competentes no entendimento dos produtos, seu modo de fabricação e
suas aplicações.
Li
Paradoxalmente, pode haver uma tendência a aprimorar continuamente o processo
de fabricar o produto sem introduzir inovações. Este risco pode ocorrer se a
empresa não enfrentar concorrência. No Brasil, esse problema ocorreu com a
indústria automobilística antes da abertura para a concorrência internacional.
Sem concorrência, os fabricantes introduziam a cada ano pequenas modificações
nos mesmos modelos, sem se preocupar com inovações significativas.
Li A organização por produto
obriga as pessoas a concentrar sua atenção nas necessidades específicas que os
produtos atendem. O foco no cliente tende a ser
reforçado. Os funcionários tendem a compreender com precisão o cliente e suas
necessidades.
Li As funções de produção,
vendas e finanças/administração podem estar localizadas dentro dos
departamentos responsáveis pelos produtos, ou centralizadas, subordinadas ao
administrador principal.
A Figura 10.4 mostra uma organização
departamentalizada por produto.

















4 Organização por
Cliente

LI Lojas de departamentos (que utilizam
simultaneamente o critério do produto).
LI Fabricantes de certos produtos destinados tanto ao
consumidor final quanto ao mercado industrial, como produtores de alimentos,
veículos e vestuário, que vendem aos concessionários e aos grandes
consumidores, como as forças armadas, hospitais e fábricas de produtos
alimentícios.
LI Agências de
propaganda.
LI Bancos (crédito
industrial, crédito rural, crédito ao consumidor).
4.1 Aplicações da
organização por cliente

O extremo da organização por cliente El a existência
de um departamento para cada cliente, ou, pelo menos, para cada um dos clientes
mais importantes. Agências de publicidade e empresas prestadoras de serviços
terceirizados (como segurança e limpeza) costumam empregar esta solução. Neste
caso, cada cliente normalmente tem a designação de conta e a pessoa que
Ll responsável por seu atendimento Ll chamada gerente de conta.
4.2 Características da
organização por cliente



El As responsabilidades em relação ao atendimento do
cliente são definidas e cobradas com maior facilidade. Numa estrutura funcional
pura, as responsabilidades podem ser evitadas ou transferidas. Se o cliente
não ficou satisfeito com o produto ou serviços, a culpa sempre pode ser
atribuída a um outro departamento. Numa estrutura orientada para o cliente,
isso Ll impossível.
El Assim como acontece com a organização por produto, a avaliação de
desempenho El facilitada numa organização por cliente. A medição de custos e
resultados El mais facilmente atribuível a cada cliente ou grupo de clientes.
El A organização por cliente, muitas vezes, El uma
estrutura funcional em miniatura dentro de uma estrutura maior. Essa
característica permite a visão generalista e favorece o treinamento de gerentes
nas diversas áreas operacionais de uin negócio. Ao contrário, a estrutura
funcional pura tende El especialização e incentiva a visão fragmentada do
negócio.
A Figura 10.5 mostra uma organização
departamentalizada por clientes.






Critério da organização por clientes na área de
atendimento de uma agência de propaganda.
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5
Organização por Áreas do Conhecimento




Estrutura
Organizacional 205
elétrica
(Figura 10.6). A organização por áreas do conhecimento (ou organização por
disciplinas) promove a concentração de pessoas com as mesmas competências e que normalmente
têm interesses similares de estudo e ensino. Por isso, facilita o desenvolvimento
da competência técnica e a acumulação de conhecimentos.





Organização departamentalizada por
áreas do conhecimento.


El Escolas.
El Hospitais.
El Institutos de
pesquisa.
El Empresas de
consultoria.
A organização por áreas do conhecimento El muito
freqüentemente usada no primeiro nível hierárquico. Esse El o caso das
universidades e institutos de pesquisa. Em outras situações, a organização por
áreas do conhecimento está no segundo nível. É o caso dos centros de pesquisa
nas empresas.
5.2 Características do
modelo das áreas do conhecimento

206 Introdução L1 Administração •Amaru Maximiano
centro de ciências exatas e assim por diante. A concentração
favorece o aprimoramento contínuo e a acumulação de conhecimentos. Também
facilita os processos de recrutamento e seleção de novos integrantes, uma vez
que os candidatos são avaliados por pessoas que sabem exatamente como medir
suas competências.
LI Nas organizações em que hLll grandes contingentes
de pessoas com formação educacional de alto nível (graduação e pós-graduação),
são muito fortes a tendência El autonomia, a capacidade de autogestão e o
respeito pela competência dos colegas. Conseqüentemente, essas organizações
tendem a ser orgânicas, valorizando os processos coletivos de decisão e a
delegação de autoridade para os níveis mais baixos da hierarquia.
LI A concentração de pessoas com a mesma especialidade
pode tornar difíceis a comunicação e a colaboração entre pessoas de
especialidades diferentes. A colaboração e a comunicação dependem de atitudes
favoráveis ao entendimento da forma como os outros vêem o mundo e de uma
abordagem sistêmica. Por exemplo: especialistas de diferentes áreas podem
colaborar para ministrar cursos interdisciplinares ou para desenvolver projetos
interdisciplinares aos estudantes.
6 Projetos

Certas atividades, chamadas projetos, são temporárias
(ou finitas) e têm por objetivo fornecer um produto ou serviço singular. Para
realizar projetos, Ll preciso criar organizações temporárias, que são alojadas
dentro da estrutura funcional permanente. Uma organização temporária, criada para
realizar um projeto, Ll chamada organização de projeto.
6.1 Aplicações da
organização de projeto




LI Projetar e construir instalações, especialmente de
grande porte, como edifícios, shopping centers, aeroportos, rodovias e
pontes.
LI Organizar eventos e fornecer serviços, como
congressos, convenções, feiras, competições de grande porte e eleições.
LI Pesquisar,
desenvolver e lançar novos produtos.
Os projetos sempre são realizados com prazos e
orçamentos programados e, em geral, por encomenda de um cliente externo ou
interno. Portanto, pode-se dizer tambEm que, sempre que houver uma tarefa que
deva ser realizada dentro de restrições de tempo e custo, uma organização de
projeto E apropriada.
6.2 Características das
organizações de projetos

6.2.1
Projetos
funcionais
Os projetos funcionais são aqueles realizados dentro de uma única
área funcional. Por isso, de forma geral, são monodisciplinares e têm a
estrutura mais simples. Por exemplo: um projeto de kaizen dentro da área
de produção ou um projeto de treinamento dentro da área de recursos humanos
(Figura 10.7).
Figura 10.7 Projetos funcionais em uma empresa de
consultoria (cada projeto ocupa pessoas de apenas uma especialidade e
corresponde a um cliente).
208 Introdução D Administração D Amaru Maximiano
LI Todos os recursos necessários Llll realização do
projeto pertencem a uma única especialidade ou área funcional e estão sob
controle da equipe. Por estarem dentro de uma única área funcional, hEl uma
cadeia de comando que vai diretamente da administração superior até o gerente
do projeto, passando pelo gerente da área funcional. Por isso, as
responsabilidades e a autoridade são definidas com clareza.
LI O gerente de um projeto funcional monodisciplinar
El o responsável direto pelos resultados do projeto. Eventualmente, o gerente
deste tipo de projeto é o próprio líder ou chefe da área funcional.
LI Certas organizações, especializadas em
determinados tipos de projetos, são conjuntos de projetos funcionais
monodisciplinares. Nessas organizações, há um fluxo contínuo de projetos
semelhantes. Por exemplo: empresas de consultoria e auditoria, escritórios de
arquitetura e advocacia.
6.2.2 Projetos
autônomos
Quando o projeto precisa de uma equipe
multidisciplinar temporária, em regime de dedicação exclusiva, o modelo do
projeto autônomo Ll recomendado (Figura 10.8). Este modelo de organização de
projeto (também conhecido como organização profetizada) concentra a
equipe nos objetivos do projeto e no atendimento da encomenda do cliente.































LI O projeto autônomo L
apropriado para empreendimentos de grande porte, estratLgicos, com alto grau de
inovação e que contam com recursos suficientes. Esta alternativa coloca o gerente
de projeto em situação de grande autonomia e autoridade e comunicação direta
permanente com a equipe do projeto.
LI Eventualmente, a
equipe do projeto autônomo recebe a colaboração de profissionais recrutados de
fora dos quadros permanentes da organização principal O projeto autônomo L urna
solução usada quando a missão L tão importante que justifica a dedicação
integral de uma equipe.
Algumas empresas são conjuntos de projetos autônomos.
LI o caso das empresas de construção civil e naval, montagem de equipamentos e
fabricação de aviões.
6.2.3
Estrutura matricial
Quando o projeto precisa de uma equipe multidisciplinar temporária,
cujos integrantes poderão dedicar-se simultaneamente a outros projetos, a
estrutura matricial L recomendada (Figura 10.9).
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LI A equipe de uma organização matricial L composta
por funcionários das áreas funcionais, "emprestados" ao projeto por
períodos determinados, atL o limite da duração do projeto. Este tipo de arranjo
L estrutura horizontal de coordenação das competências das áreas funcionais
permanentes.
Cada um dos especialistas funcionais envolvidos no projeto mantLm
sua ligação e seus compromissos em seu departamento funcional permanente. Os
integrantes de uma equipe matricial podem trabalhar em diversos projetos
210 Introdução Ll
Administração •Amaru Maximiano
ao mesmo tempo, sendo coordenados em
diferentes momentos por diferentes gerentes de projetos.
El A
vantagem da estrutura matricial decorre da combinação de dois tipos de
enfoques. Enquanto a organização funcional favorece a especialização e a acumulação
de conhecimentos, a organização por projetos favorece a orientação para algum
tipo de resultado ou problema a ser resolvido. A estrutura matricial equilibra
esses dois tipos de vantagens, combinando a competência técnica da estrutura
funcional com a ação orientada para o resultado da organização de projeto.
El A estrutura
matricial compromete os princípios clássicos da unidade de comando e da
equivalência entre responsabilidade e autoridade. HEl dupla subordinação,
porque os integrantes da equipe trabalham ao mesmo tempo com seus chefes
permanentes e com o gerente do projeto. Além disso, nem sempre o gerente de
projeto tem a dose necessária de poderes formais para garantir o desempenho dos
profissionais que lhe são "emprestados". Essa falta de poder formal
deVe ser compensada pela capacidade de negociação, que, junto com a maturidade
e a cooperação, passam a ser requisitos para o sucesso de uma organização com
esse modelo.
7 Organização por
Processos

7.1 Aplicações da
organização por processos





LI A necessidade de uma ligação estreita entre as
fontes de fornecimento e os mercados e clientes Lil um fator determinante da
adoção do modelo da organizaELo por processos. Para fazer chegar regularmente
ao supermercado o tubo de pasta de dentes, dentro de uma embalagem, que o
cliente quer, Ll preciso uma ligação muito forte entre todos os elos da cadeia
de suprimentos.
LI Alguns processos
envolvem normalmente muitas funções e departamentos, como El o caso da cadeia
de suprimentos. Outros processos são desenvolvidos dentro de um ou poucos
departamentos, ou envolvem poucas funções. LI o caso da contratação de pessoas,
que envolve quase exclusivamente o departamento de recursos humanos. O processo
da contratação de pessoas e outros semelhantes, no entanto, podem ser
administrados como processos multidisciplinares, que envolvem pessoas de
diferentes departamentos.
7.2 Características da
organização por processos

Numa estrutura horizontalizada, os departamentos não
são destruídos. A mudança consiste em implantar uma forma diferente de
administrá-los. A cadeia clássica de comando Ll substituída por equipes
formadas com pessoas de diferentes departamentos.
El Os processos são administrados por meio dessas
equipes interdisciplinares autogeridas. As equipes precisam de um propósito
claro e senso de responsabilidade em relação a objetivos mensuráveis de
desempenho. A equipe, ou uma pessoa dela, torna-se a dona de um
processo. Representantes dos clientes e fornecedores podem ser colocados como
membros de ,equipes internas (Figura 10.11).
212 Introdução Li Administração •Amaru
Maximiano
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LI O principal indicador de desempenho Li a
satisfação do cliente, e não a valorizaLlo das ações ou a lucratividade. As
ações sobem e os lucros crescem quando o cliente está satisfeito.
LI Os integrantes de
uma equipe de gestão de um processo devem ser recompensados por suas
contribuições coletivas, e não apenas por seu desempenho individual. Uma norma
Li estimular os contatos diretos e freqüentes com os fornecedores e clientes.,
LI Uma organização que pretenda adotar o modelo da
gestão horizontal deve fornecer todos os dados para seus funcionários, treinando-os
para fazerem suas próprias análises e tomar suas próprias decisões.
8 Unidades de Negócios

8.1 Aplicações do
modelo das unidades de negócios

LI Passa a atuar em
diversos territórios, distantes e diferentes uns dos outros.
LI Atende a mercados muito diferentes uns dos
outros, cada um dos quais com necessidades muito particulares.


8.2 Características das
unidades de negócios

Li Como hEi graus variados de descentralização, hEl
diversas modalidades de estruturas de unidades de negócios. No caso de
descentralização ao extremo, a unidade de negócios Lil totalmente responsável
por seus resultados, dispondo dos recursos que lhe possibilitam total
autonomia. LI o caso em que cada unidade de negócios Li uma empresa autônoma,
subordinada a uma holding (empresa proprietária de outras empresas). No
caso em que hLlll descentralizaLLo moderada, as unidades de negócios são
divisões de uma mesma empresa (também chamada empresa divisionalizada).
LI A organização estruturada em unidades de negócios tem um grupo de
serviços centralizados, chamados serviços corporativos (ou áreas
corporativas), conforme mostra a Figura 10.12. A quantidade e a natureza dos
serviços centralizados dependem do grau de descentralização da estrutura toda.
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214 Introdução L1 Administração •Amaru
Maximiano
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AlEm disso, a organização pode tentar entrar em negócios
simplesmente para aproveitar oportunidades, mesmo que elas estejam distantes de
sua vocação original.
Estudo de Caso:
Organização de Vendas da Pluribiz

A Pluribiz está organizada em três unidades de
negócios: alimentos, produtos de limpeza e produtos de higiene pessoal. Cada
uma dessas unidades de negócios tem sua própria estrutura de vendas e produção.
As funções de marketing, finanças e recursos humanos são centralizadas.
Estrutura de vendas
da Pluribiz
As gerências de vendas da Pluribiz têm vendedores
que ficam sediados nas diferentes regiões do país. Como acontece em outras
empresas semelhantes, os mesmos clientes são atendidos por diferentes
vendedores da mesma empresa. Por exemplo: uma rede regional de supermercados,
na região Norte, E atendida por vendedores de - alimentos, produtos de limpeza
-e produtos de higiene pessoal. O mesmo -acontece em todas as outras regiões do
país.
Essa situação causa estranheza aos clientes hL] muito
tempo. Os clientes dizem que gostariam de ser atendidos por um único vendedor,
que trabalhasse com todos os produtos. Em reuniões de alto nível, os donos e
diretores das empresas compradoras têm reclamado aos executivos da Pluribiz que
seria melhor uma solução mais eficiente.
Os executivos da Pluribiz argumentam para os clientes
que os produtos são muito diferentes uns dos outros. EI preciso conhecê-los bem
e isso requer vendedores especializados. Se houvesse solução melhor, eles
adotariam. A estrutura, eles dizem aos clientes, E uma forma de prestar bons
serviços.


Uma oportunidade de
expansão
Para complicar, a Pluribiz agora está analisando a
oportunidade de um novo negócio. Corre o boato de que a Saudável será vendida.
A Saudável, uma empresa familiar que faliu, foi comprada hLll alguns anos por
um consórcio de bancos privados e fundos de pensão. Trabalha com produtos de
origem animal (que não fazem parte das linhas da Pluribiz) e outros produtos,
como massas. Estes concorrem com os da Pluribiz. Os produtos de origem animal
da Saudável são imbatíveis no mercado.
A Saudável foi completamente saneada pelos novos
proprietários, que a puseram Lil venda porque não tiveram o retomo esperado.
Além disso, os conflitos entre eles são muito acentuados.
Em situação financeira muito favorável, assim como
seus principais concorrentes, a Pluribiz receia que um deles compre a Saudável
e ganhe uma vantagem competitiva. Quem quer que compre a Saudável irá concorrer
muito vantajosamente com os outros dois competidores.
Nas últimas reuniões da
diretoria da Pluribiz, muito se tem discutido como lidar com essa nova
situação. Se o boato se confirmar, a Pluribiz está preparada para comprar. Se
isso ocorrer, as estruturas serão fundidas. No entanto, o problema na
organização das vendas aumentará. Uma das principais vantagens da Saudável Li
justamente sua estrutura de vendas, que cobre todo o território nacional. Seus
vendedores conhecem profundamente os produtos. Simplesmente agregar esses
vendedores Li atual estrutura de vendas de alimentos da Pluribiz pode prejudicar
o desempenho do novo negócio.
A diretoria da Pluribiz
sabe que precisa comprar a Saudável, mas está vendo um futuro no qual seus
clientes são atendidos por quatro vendedores: alimentas, produtos higiene,
produtos de limpeza e, agora, os da Saudável. Que fazer?
Questões
1.
Que alternativas (critérios de departamentalização) a Pluribiz deveria
considerar para
organizar suas atividades de vendas? Desenhe os organogramas de cada alternativa.

organizar suas atividades de vendas? Desenhe os organogramas de cada alternativa.
2.
Quais são as vantagens e
desvantagens de cada alternativa?
3.
Explique
quais são as condições que favorecem cada uma das alternativas.
4.
Você, como especialista em administração, que alternativa recomenda? Prepare
uma justificativa para sua escolha.
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