O CONCEITO DE ECOLOGIA
Segundo Odum (1988), a palavra ecologia deriva do grego oikos, com o sentido de “casa” e logos, que tem o significado de “estudo”. Ecologia, então, significa o estudo do “ambiente da casa” com todos os organismos contidos nela e todos os processos funcionais que a tornam habitável. Assim, é a ciência que estuda as relações que ocorrem entre os seres vivos e deles com o ambiente onde vivem. Como também a influência que um exerce sobre o outro. Do conhecimento que temos sobre o lugar onde vivemos depende a nossa sobrevivência.
DEFINIÇÕES DE ECOSSISTEMA E MEIO AMBIENTE
Ecossistema
É o sistema composto por dois fatores: os bióticos, que são os seres vivos e os abióticos, que são os elementos sem vida, que compõem os ambientes onde os seres vivem. Os elementos abióticos são os ambientes geográficos e os fatores físico químicos. São a terra, o mar e a atmosfera; todos os compostos químicos e os processos físicos que ocorrem. Com certeza, os ambientes geográficos são ambientes físicos. Mas eu preferi me referir aos ambientes como geográficos porque quis utilizar o termo físico para os processos. Aliás, os processos físicos podem ser exemplificados pela erosão, pela maré e pelo vento. Os compostos químicos são responsáveis pela nutrição do solo, dos vegetais e dos animais (inclusive a nossa), além de fazerem parte da ciclagem de nutrientes, energia produzida e serem carreados por lixiviação, por exemplo. Neste momento, estou descrevendo sobre ecossistemas naturais, mas os ambientes urbanizados, que sofreram a interferência do homem, também são ecossistemas. Portanto, são ambientes com tudo que neles está contido e neles acontece. Como as organizações são ambientes complexos que nós utilizamos para ordenar as nossas ações, com o objetivo de conquistarmos algo que desejamos, os ecossistemas naturais também podem ser denominados de organizações. Neles, os objetivos são a produção de alimento, a sobrevivência, o equilíbrio ecológico, etc.
Meio Ambiente
É composto por todas as organizações que existem no nosso planeta Terra. Com tudo que nelas está contido e nelas acontecem. A mente é considerada um ambiente, do meio ambiente. Com a mente, objetivamos internalizar e consolidar os conhecimentos que nos tornam mais inteligentes e capazes de enfrentarmos o mercado de trabalho. O nosso corpo, indústrias e empresas também são meios ambientes.
NÍVEIS HIERÁRQUICOS
Na ecologia, Odum (1988) define os níveis hierárquicos da seguinte
maneira:
OS ECOSSISTEMAS GLOBAL, REGIONAL E LOCAL
• Global: é o maior de todos, o Planeta Terra, como também são os
continentes, os mares, os países e os estados.
• Regional: pode ser um município, como o de São Gonçalo ou a cidade
do Rio de Janeiro.
• Local: pode ser exemplificado como o bairro da Tijuca, a Reserva dos
Trapicheiros e a rua onde moramos.
COMPARTIMENTOS NATURAIS E URBANIZADOS
· Compartimentos naturais: são os ecossistemas naturais, que não
sofreram a interferência antrópica.
· Compartimentos urbanizados: são os ecossistemas que foram
alterados pela raça humana, onde edificações foram construídas.
Conhecer termos que constantemente são aplicados facilita a prática e o
entendimento sobre gestão ambiental e o desenvolvimento sustentável.
Interações ecológicas: intra-específicas e interespecíficas
· Interações intra-específicas: são as relações que existem entre
organismos da mesma espécie.
· Interações interespecíficas: são as relações que existem entre
organismos de espécies diferentes.
As relações que se estabelecem entre os seres vivos possuem a
importância ecológica de manter o meio ambiente ou as organizações naturais
em perfeito funcionamento. As condições ambientais, como os fatores físicos
e químicos, citados anteriormente, podem ser limitantes à produção de
alimento e energia necessários à sobrevivência de todas as espécies vegetais
e animais. Isto acontece quando o ambiente não está “nutrido” de material
necessário aos processos responsáveis pelo equilíbrio ecológico. Segundo
Lopes (1999), estas relações podem ser harmônicas (quando nenhum
organismo é prejudicado, seja da mesma espécie ou não) ou não-harmônicas
(quando pelo menos um dos organismos é prejudicado através das interrelações
que ocorrem). Mas, é necessário ressaltar que o prejuízo temporário promovido por processos naturais não afeta, definitivamente, um
compartimento ecológico. Quando um ciclo de processos se finaliza, este
fator biológico, traduzido pelas relações biológicas, também é responsável
por outros ciclos que ocorrerão. O meio ambiente é dinâmico e se renova
constantemente.
O importante para a disciplina é que as inter-relações que existem
através das relações entre as espécies representam um fator biológico
importante porque é um dos fatores que explica sobre a saúde ambiental.
A CADEIA ALIMENTAR: A PRODUÇÃO DE ALIMENTO E ENERGIA NATURAL
A cadeia alimentar é justamente composta por todas as espécies que
existem no nosso planeta. Em cada ambiente, uma cadeia alimentar diferente
acontece, formando uma grande rede de ligações intra-específicas e
interespecíficas, que compõem a teia alimentar.
Vamos entender melhor a diferença entre cadeia alimentar e teia alimentar?
O ciclo de produção alimentar e de energia necessários às funções
vitais dos seres vivos começa com os vegetais. São as plantas que realizam
a primeira produção, a produção primária, através da fotossíntese. Pela
fotossíntese, com a ajuda da irradiação solar, o vegetal transforma o carbono
inorgânico em carbono orgânico, que é utilizado para a formação de açúcares.
Estes açúcares mais outros produtos que são sintetizados nas células
vegetais são importantes ao metabolismo das plantas. As plantas são,
exatamente, responsáveis pela produção primária da cadeia alimentar. Elas
são chamadas de produtores primários, que são o primeiro nível trófico desta
cadeia. Os níveis tróficos subseqüentes são: os consumidores primários, que
são os animais herbívoros (os que se alimentam de vegetais), seguidos pelos
consumidores secundários, que se alimentam destes animais herbívoros e,
prosseguindo, os consumidores terciários, quaternários e quantos forem
necessários ao ciclo de produção. A cadeia alimentar é, portanto, o conjunto
de níveis tróficos.
O conjunto de várias cadeias alimentares compõe a teia alimentar
dos ecossistemas. Subseqüentemente, a grande teia alimentar da Terra.
Existem seres que, além de serem herbívoros, são carnívoros. E nós
somos um exemplo deles.
Mas, por que é tão importante sabermos sobre estes conceitos?
As inter-relações existentes entre os seres vivos possibilitam a interrelação
dos mesmos com o meio ambiente onde vivem. Nós, os seres vivos,
somos exemplos de um dos fatores que influencia na qualidade ambiental: o
fator biológico. A nossa “movimentação” interfere na ciclagem dos compostos
químicos. Assim como os processos físicos interferem na nossa
“movimentação”. Trata-se da influência que o fator biótico exerce sobre o
fator abiótico e vice-versa.
OS CICLOS BIOGEOQUÍMICOS – EXEMPLOS MAIS IMPORTANTES
Os ciclos biogeoquímicos ocorrem nos ambientes por causa dos fatores
bióticos e abióticos. A coexistência da interação entre estes fatores contribui
para a ciclagem dos nutrientes e materiais que circulam pelos sistemas terra,
água e atmosfera. Dentro da climatologia, por exemplo, estes sistemas são
os subsistemas do sistema climatológico. Para a ecologia, são ecossistemas
do maior ecossistema: o Planeta Terra. E os ciclos biogeoquímicos são,
então, as conseqüências das interações que existem entre todos os fatores
e processos dos ecossistemas. Sejam por causas naturais ou provocados
pelo homem. Quando a interferência é humana, o prejuízo para nós mesmos
pode ser irreversível. É o que veremos na unidade sobre poluição ambiental.
Por enquanto, serão discutidos os cinco ciclos mais conhecidos: o ciclo
da água, do carbono, do oxigênio, do nitrogênio e do fósforo.
O ciclo da água
Assim como 97,5% do Planeta Terra é ocupado pela água marinha, em
torno de 70% do nosso corpo é composto por água, que também predomina
nos outros seres. A água é uma substância indispensável a nossa
sobrevivência. É um diluente que possibilita vários processos químicos. Ela
pode ser ingerida quando a bebemos ou através dos alimentos. O excesso
de água ingerido pode ser eliminado por excreção, transpiração e outros
processos, como os metabólicos das células e a evaporação.
Para Lopes (1999), na fase fotoquímica da fotossíntese, as células
das plantas realizam a quebra da molécula de água sob a ação da luz
(fotólise) e o oxigênio é liberado para a atmosfera. É assim que nós temos o
nosso oxigênio tão essencial a nossa sobrevivência como um produto final
da água absorvida pelas plantas e não do gás carbônico. Na fase química
do metabolismo celular, quando as plantas respiram, há a união do carbono
atmosférico com as moléculas orgânicas (presentes nos cloroplastos das
plantas). Os carboidratos são formados e a água é liberada para o meio
através da respiração e transpiração. Este é um dos exemplos de água
disponibilizada para o meio ambiente. Após a transpiração, a água é
evaporada. Mas, por favor, não confundam água transpirada com o orvalho
que encontramos nas folhas pela manhã, porque são gotículas de água
condensadas e depositadas nas superfícies das folhas. E esta condensação
ocorre principalmente durante a noite. As gotículas costumam se aglomerar
em cima de qualquer superfície fria.
As plantas transpiram e a água transpirada se evapora. Nós suamos e
o nosso suor evapora. Os animais, como o cavalo, por exemplo, transpiram e
a água que eles transpiram também evapora. Temos, então, a
evapotranspiração.
As águas das superfícies dos solos, dos rios, lagunas, lagos, lagoas e
mares se evaporam para a atmosfera, se condensam e voltam para as
superfícies sólidas e meios aquáticos, freqüentemente, em forma de chuvas.
É a evaporação e a precipitação se processando nos ambientes conforme os fatores climáticos (rotação e translação da Terra, irradiação solar, radiação
da luz solar, temperatura, ventos, etc.).
As águas liberadas pelos seres vivos, evaporadas dos ambientes
terrestres e aquáticos, condensadas na atmosfera e precipitadas como chuvas
formam o ciclo da água.
O ciclo do carbono
O carbono é encontrado na atmosfera e dissolvido na água, em
pequenas proporções, como gás carbônico (CO2). É retirado da atmosfera e
dos ambientes aquáticos pela fotossíntese e liberado novamente através
da respiração.
Os organismos mortos que se acumulam no solo também participam
do ciclo do carbono porque eles são decompostos por microorganismos que
oxidam este material orgânico e devolvem o gás carbônico para a atmosfera.
A combustão de fósseis, que têm o carvão e o petróleo como exemplos
representativos, é outro processo de liberação do gás carbônico.
O ciclo do oxigênio
O oxigênio é um elemento químico da natureza muito importante para
a nossa sobrevivência, porque dele dependemos para a realização da nossa
respiração. Este gás principalmente se apresenta na atmosfera com a fórmula
de O2.
Está presente na camada de ozônio como O3. A importância da camada
de ozônio é filtrar a radiação dos raios ultravioletas.
Muitos compostos orgânicos e inorgânicos, como a água (H2O) e o gás
carbônico (CO2), possuem o oxigênio como um elemento químico de suas
composições.
Luz invisível que é nociva à nossa saúde quando é radiada com muita
intensidade. O excesso desta luz pode provocar o câncer de pele.
O ciclo do nitrogênio
O nitrogênio ocorre na atmosfera como o gás N2 e é muito abundante.
Porém, os seres vivos só conseguem aproveitá-lo por dois processos
freqüentes na natureza: os processos de fixação e posteriormente
nitrificação. Pelas bactérias, as cianobactérias e fungos, que podem viver
livremente no solo ou associados às raízes de plantas. Quando associados
pela biofixação, transformam o N2 atmosférico em amônia (NH3), que é a
forma utilizável pelos seres vivos. A amônia é incorporada pelos aminoácidos
das plantas onde vivem. E este é um exemplo de relação interespecífica,
através da qual a planta se beneficia com a biofixação.
A amônia sintetizada pelos biofixadores associados é transformada
em nitrito e, depois, nitrato pelas bactérias nitrificantes (Nitrossomonas e
Nitrobacter), que são as biofixadoras que vivem livremente no solo. Estas
bactérias são autotróficas quimiossintetizantes, ou seja, são organismos
capazes de produzir o seu próprio alimento através de processos puramente
químicos, que não dependem da irradiação solar. Ao contrário da fotossíntese
realizada pelas plantas, que também são autotróficas, mas precisam da luz
do sol para realizar o processo de produção de alimento e energia. A
fotossíntese foi descrita anteriormente para explicar sobre a produção
primária. Lembram? A quimiossíntese das bactérias autotróficas nitrificantes
se processa como descrito neste parágrafo. A energia da nitrificação descrita
é utilizada para a síntese de substâncias orgânicas. O nitrogênio do nitrato
é utilizado para a síntese de proteínas, aminoácidos e ácidos nucléicos. As
proteínas são formadas pela união de vários aminoácidos, que possuem o
nitrogênio como NH2. Elas, as proteínas, estão presentes nas membranas
das células, que são as membranas plasmáticas, também chamadas de
membranas citoplasmáticas, porque elas envolvem o citoplasma das células.
Os ácidos nucléicos, como o ácido desoxirribonucléico - o DNA - e o
ácido ribonucléico - o RNA -, participam da codificação genética da seguinte
maneira: no núcleo, o DNA possui os genes com as informações genéticas;
ele se duplica formando duas novas moléculas de DNA, que possuem o mesmo
material genético da molécula-mãe; estas novas moléculas, por sua vez,
garantem a transmissão deste material genético idêntico para duas novas
células resultantes do processo de divisão celular; o RNA é formado por vários
nucleotídeos que compõem os ácidos nucléicos, que ajudam na transcrição
da informação genética quando ocorre a reprodução. O nitrogênio está
presente no RNA através das bases nitrogenadas.
Outras substâncias nitrogenadas, como a uréia e o ácido úrico mais as
proteínas degradadas do corpo dos organismos mortos, são transformadas
em amônia novamente pelas bactérias e pelos fungos decompositores. A
amônia volta para o ciclo.
Após um novo processo de nitrificação, o nitrogênio, como o gás N2, é
devolvido para a atmosfera, reiniciando o ciclo do nitrogênio.
O ciclo do fósforo
Os fosfatos inorgânicos são encontrados nas rochas fosfálicas, no solo
e nas plantas. O fósforo das rochas fosfálicas é dissolvido e carreado pelas
chuvas, que o transportam para os solos e para o lençol freático através da
percolação. Desta forma, ele chega aos mares. Neles, encontramos outra
fonte de fósforo: os peixes. Quando os consumimos, ingerimos todo o fósforo
que precisamos para os nossos ossos. Os fosfatos inorgânicos que as plantas
utilizam para produzir os compostos químicos importantes à manutenção da
vida são incorporados à biomassa vegetal e depois voltam a ser inorgânicos
através dos consumidores herbívoros. Quando inorgânico, é encontrado nos
solos e nele ficam depositados como parte dos nutrientes existentes. As
florestas absorvem este nutriente muito importante para a construção dos
organismos e o crescimento dos vegetais. Os animais voltam a consumi-los,
com o consumo das plantas, para depois voltarem ao solo e mares. Assim, se processa a ciclagem do fósforo, que não possui fase gasosa e, portanto,
não é encontrado na atmosfera.
Os ciclos biogeoquímicos são responsáveis pela ciclagem de muitos
outros nutrientes dispostos nos ecossistemas como variadas formas químicas,
orgânicas e inorgânicas. Sem eles, como ficaria a biosfera? Os processos
biológicos, geológicos, geográficos, químicos, físicos e climatológicos participam
destes ciclos quando possibilitam a ocorrência dos mesmos.
O EQUILÍBRIO ECOLÓGICO
Após o acesso ao conhecimento sobre todos os conceitos relativos
aos processos ecossistêmicos, através do qual percebemos sobre a relevância
de cada fator ambiental, podemos dizer que o equilíbrio ecológico é,
resumidamente, o sinônimo de perfeita interação entre os processos
biológicos, geológicos, físicos e químicos. A natureza é perfeita e sábia.
Movimenta-se nas terras, se propaga nos mares e flui na atmosfera
produzindo formatos e sons que traduzem a sua serena e turbulenta
produção ao mesmo tempo, por causa dos seus mistérios recônditos,
batimentos de ondas e trovoadas. Mas não se iludam. Não é desequilíbrio
ecológico! São os processos que se manifestam em sintonia com as causas
e efeitos dos ambientes. Com equilíbrio ecológico.
A RELEVÂNCIA DA ECOLOGIA À CONSERVAÇÃO DOS AMBIENTES
ORGANIZADOS.
Conhecer todos os ambientes organizados naturalmente e pela ação
humana significa sermos seres cientes sobre todos os processos que nos
envolvem e interferem em nossas vidas. Significa identificarmos as
intervenções que são positivas e as que são negativas à melhoria e à
preservação dos ambientes organizados. Porque preservar é sobreviver aos
impactos ambientais negativos que já ocorreram e conservar todas as
qualidades que continuam existindo, visando melhorar a qualidade de vida
para o nosso futuro, nossos filhos, netos e gerações futuras.
Unidade 2
APRESENTAÇÃO DOS BIOMAS BRASILEIROS
Ao iniciar esta unidade, falaremos de alguns ambientes encontrados no
Brasil, pois assim compreenderemos melhor as situações que estes se
encontram e, conseqüentemente, poderemos avaliar seu estado de maneira
mais abrangente.
Começaremos pela vegetação, que no Brasil encontramos uma variedade
muito grande. Porém essa vegetação vem sendo muito explorada desde o
período colonial, no qual a vegetação original tornou-se a primeira fonte de
riqueza do país. A extração do pau-brasil representou também o início de
um processo desordenado de utilização da cobertura vegetal, que
praticamente levou à extinção da mata atlântica. Essa ação devastadora é
marcante, sobretudo, nas regiões Sul, Sudeste, Nordeste e parte do Centro-
Oeste. Atualmente, o desmatamento atinge principalmente a Amazônia.
Segundo o IBGE, 67,1% ainda é coberto por vegetação primitiva.
Podemos classificar a vegetação brasileira, em escala regional, em Floresta
Amazônica, Mata Atlântica, Cerrado, Pantanal, Caatinga, Matas de
Araucária e de Cocais, além dos Campos, Restingas e Mangues. Estima-se
que 10% das espécies vegetais do planeta vivam nas paisagens brasileiras,
mas essa vegetação vem sendo consumida por desmatamentos, queimadas
e poluição.
• Floresta Amazônica
A Floresta Amazônica é uma típica floresta tropical, com grande
diversidade de espécies vegetais e animais. Ocupa 5,5 milhões de km2 dos
quais 60% estão em território brasileiro e nela vivem e se reproduzem mais
de um terço das espécies existentes no planeta. Das 100 mil espécies de
plantas que ocorrem em toda a América Latina, 30 mil estão na Amazônia e,
desse total, 2.500 espécies de árvores (um terço da madeira tropical do
mundo). A Amazônia também abriga muita água: o Rio Amazonas é- a maior
bacia hidrográfica do mundo e cobre uma extensão aproximada de 6 milhões
de km2, cortando a região para desaguar no Oceano Atlântico, lançando no
mar, a cada segundo, cerca de 175 milhões de litros de água. Esse número
corresponde a 20% da vazão conjunta de todos os rios da terra.
O seu solo, na grande maioria, é pobre em nutrientes. Pode parecer
contraditório que uma floresta tão rica possa sobreviver sobre um solo pobre.
Isso se explica pelo fato de ocorrer um ciclo fechado de nutrientes. Quase
todos os minerais estão acumulados no vegetal. No solo existe uma camada
em decomposição formada por folhas, galhos e animais mortos, que
rapidamente são convertidos em nutrientes e novamente absorvidos pelas
raízes. Portanto, a floresta vive do seu próprio material orgânico. Se a água
das chuvas caísse diretamente sobre o solo, tenderia a lavá-lo, retirando os
sais minerais. Na floresta, porém, a queda das gotas é amortecida pela
densa folhagem, o que reduz a perda de nutrientes. Tais fatos tornam o
desmatamento um grande vilão, pois reduz a folhagem da floresta, levando
ao empobrecimento da terra, isso sem contar com os demais seres vivos
GESTÃO AMBIENTAL DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
27
como os insetos, que se encontram em todos os estratos da floresta, animais
rastejadores, os anfíbios, répteis, aves e mamíferos, enfim, todos que de
forma direta sustentam o equilíbrio cíclico que sofre alterações drásticas em
virtude do desmatamento.
Embora o Brasil tenha uma das mais modernas legislações ambientais
do mundo, elas não têm sido suficiente para bloquear a devastação da
floresta. O Brasil tem sua riqueza natural constantemente ameaçada. A
exploração de produtos tradicionais como o guaraná, o látex e a castanhado-
pará pode ocorrer de forma a não interferir no equilíbrio ecológico e a
garantir a sobrevivência de comunidades da floresta. Outros problemas são
o extrativismo mineral e as queimadas, práticas realizadas muitas vezes
com o fim de adequar áreas da floresta à pecuária. Daí, chegamos a problemas
mais graves: a insuficiência de pessoal dedicado à fiscalização, as dificuldades
em monitorar extensas áreas de difícil acesso, a fraca
administração das áreas protegidas e a falta de
envolvimento das populações locais. Solucionar essa
situação depende da forma pela qual os fatores
político, econômico, social e ambiental serão
articulados.
Outra forma de destruição tem sido os
alagamentos para a implantação de usinas
hidrelétricas A atividade mineradora também trouxe
graves conseqüências ambientais, como a erosão do
solo e a contaminação dos rios com o mercúrio.
• Mata Atlântica
A Mata Atlântica, atualmente, predomina na costa brasileira, onde
planaltos e serras impedem a passagem da massa de ar, provocando chuva.
Ela é uma floresta de clima tropical quente e úmido, sendo considerada uma
das grandes prioridades para a conservação de biodiversidade em todo o
continente americano. Sua cobertura florestal se apresenta reduzida à cerca
de 7,6% da área original, que apresentava aproximadamente uma extensão
de 1.306.421 km2. Mais de 70% da população brasileira vive em áreas de
Mata Atlântica, que apresenta muitas das características da Floresta
Amazônica. A diferença mais marcante é a topografia que, no caso da Mata
Atlântica, é mais íngreme e variável.
Na época do descobrimento do Brasil, a Mata Atlântica tinha uma área
equivalente a um terço da Amazônia; cobria 1 milhão de km2 ou 12% do
território nacional, estendendo-se do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do
Sul. Apesar da devastação sofrida, a riqueza de espécies animais e vegetais
que ainda se abrigam na Mata Atlântica é incrível. Em alguns trechos de
floresta, os níveis de biodiversidade são considerados os maiores do planeta.
Ocorreu a predatória do Pau-brasil a partir do século XVI, utilizado
para tintura e construção, depois a implantação do ciclo da cana-de-açúcar,
onde extensos trechos de mata Atlântica foram derrubados para dar lugar
aos canaviais. No século XVIII, foram as jazidas de ouro que atraíram para o
UNIDADE 2 - O ESTADO DOS AMBIENTES
28
interior um grande número de portugueses. A imigração levou a novos
desmatamentos, que se estenderam até os limites com o Cerrado, para a
implantação de agricultura e pecuária.
No século seguinte, foi a vez do café, provocando a marcha ao sul
do Brasil e, então, chegou a vez da extração da madeira. No Espírito Santo,
as matas foram derrubadas para o fornecimento de matéria-prima para a
indústria de papel e celulose. Em São Paulo, a implantação do Pólo
Petroquímico de Cubatão tornou-se conhecida internacionalmente como
exemplo de poluição urbana.
A Mata Atlântica abrange as bacias dos rios Paraná, Uruguai, Paraíba
do Sul, Doce, Jequitinhonha e São Francisco. A mata possui espécies
imponentes de árvores, como o jequitibá-rosa, assim como outras espécies
que também se destacam nesse cenário tais como: o pinheiro-do-paraná, o
cedro, as figueiras, os ipês, a braúna e o pau-brasil, entre muitas outras.
Grande parte das espécies de animais brasileiros ameaçados de
extinção é originária da Mata Atlântica, como os micos-leões, a lontra, a
onça-pintada, o tatu-canastra e a arara-azul-pequena. Fora dessa lista vivem
na área gambás, tamanduás, preguiças, antas, veados, cotias, quatis etc. É
também em grande parte através da Mata Atlântica
que se garante o abastecimento de água para mais
de 120 milhões de brasileiros. Seus remanescentes
regulam o fluxo dos mananciais hídricos, asseguram
a fertilidade do solo, controlam o clima, protegem
escarpas e encostas das serras, além de preservar
um patrimônio histórico e cultural imenso. Essa
região possui, ainda, belíssimas paisagens,
verdadeiros paraísos tropicais, cuja proteção é
essencial ao desenvolvimento do ecoturismo,
importante atividade econômica, presente em
muitos projetos de desenvolvimento sustentável.
• Cerrado
O cerrado apresenta uma formação típica de área tropical com
duas estações marcantes, um inverno seco e um verão chuvoso. Sua área
de ocorrência predominante encontra-se no Brasil Central. O solo, deficiente
em nutrientes e com alta concentração de alumínio, dá à mata uma aparência
seca. Apesar de não haver falta de água, as plantas têm raízes capazes de
retirar água do solo a mais de 15m de profundidade. A vegetação é
predominantemente arbustiva, com árvores retorcidas e folhas recobertas
por pêlos. Ele apresentava toda a sua beleza de flores exóticas e plantas
medicinais desconhecidas da medicina tradicional como arnica, catuaba,
jurubeba, sucupira e angico. Encontram-se ainda gramíneas e cerradão, um
tipo mais denso de cerrado, já misturado com formações florestais. Embora
tradicionalmente esteja associado à pecuária, vem sendo ocupado pela
monocultura de soja, responsável pela descaracterização dessa cobertura,
já que ocupou originalmente cerca de 25% do território brasileiro. O equilíbrio
GESTÃO AMBIENTAL DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
29
desse sistema, cuja biodiversidade pode ser comparada à Amazônica, é de
fundamental importância para a estabilidade dos demais ecossistemas
brasileiros.
Depois da Mata Atlântica, o Cerrado é o ecossistema brasileiro
que mais alterações sofreu com a ocupação humana. Um dos impactos
ambientais mais graves na região foi causado pelos garimpos, que
contaminaram os rios com mercúrio e provocaram o assoreamento dos cursos
de água. A erosão causada pela atividade mineradora tem sido tão intensa
que, em alguns casos, chegou até mesmo a impossibilitar a própria extração
do ouro rio abaixo. Nos últimos anos, contudo, a expansão da agricultura e
da pecuária vem representando o maior fator de risco para o Cerrado. A
partir de 1950, tratores começaram a ocupar sem restrições os habitats dos
animais. São aproximadamente 2 milhões de km2 espalhados por 10 estados
brasileiros, a segunda maior formação vegetal brasileira, superado apenas
pela floresta Amazônica.
O Cerrado é um campo tropical no qual a vegetação herbácea coexiste
com mais de 420 espécies de árvores e arbustos esparsos. A estação seca é
bem pronunciada, podendo durar de 5 a 7 meses. Os rios não secam, porém
a sua vazão diminui.
A vegetação do Cerrado tem aspectos que costumam ser
interpretados como adaptações a ambientes secos (xeromorfismo),
apresentando assim, árvores e arbustos com galhos tortuosos, folhas
endurecidas, cascas grossas; as superfícies das folhas são muitas vezes
brilhantes, outras vezes recobertas por pêlos, porém outras plantas,
contraditoriamente, têm características de lugares úmidos: folhas largas,
produção de flores e brotos em plena estação seca.
A fauna encontrada na região também recebe pouca atenção no que
concerne à sua conservação e proteção.
O processo de desmatamento realizado até então, se não for
contido, poderá resultar no fim do cerrado em períodos não muito distantes.
Esta situação está causando a fragmentação de áreas e comprometendo
seriamente os processos que mantêm a sua biodiversidade. Porém o Cerrado
tem a seu favor o fato de ser cortado por três das maiores bacias hidrográficas
da América do Sul (Tocantins, São Francisco e Prata), favorecendo a
manutenção de uma biodiversidade
surpreendente. Estima-se que a flora da região
possua 10 mil espécies de plantas diferentes
(muitas delas usadas na produção de cortiça,
fibras, óleos, artesanato, além do uso medicinal e
alimentício). Isso sem contar as 400 espécies de
aves, os 67 gêneros de mamíferos e os 30 tipos
de morcegos catalogados na área. O número de
insetos é surpreendente: apenas na área do
Distrito Federal há 90 espécies de cupins, 1.000
espécies de borboletas e 500 tipos diferentes de
abelhas e vespas.
UNIDADE 2 - O ESTADO DOS AMBIENTES
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• Pantanal
O Pantanal constitui-se em um dos mais valiosos patrimônios
naturais do Brasil, sendo a maior área úmida continental do planeta, com
cerca de 150 mil km², situado no sul de Mato Grosso e no noroeste de Mato
Grosso do Sul, ambos estados do Brasil, além de também englobar o norte
do Paraguai e o leste da Bolívia (que é chamado de charco boliviano),
considerado pela UNESCO Patrimônio Natural Mundial e Reserva da
Biosfera.
A região é uma planície fluvial influenciada por rios que drenam a bacia
do Alto Paraguai, onde se desenvolve uma fauna e flora de rara beleza e
abundância, influenciada por quatro grandes biomas: Amazônia, Cerrado,
Charco e Mata Atlântica.
O Pantanal encontra-se sob o jugo das águas. A chuva divide a vida
em dois períodos bem distintos, na época da seca entre os meses de maio
a outubro, aproximadamente, a paisagem sofre mudanças radicais, no baixar
das águas, são descobertos campos, bancos de areia, ilhas sobre a
superfície, onde fica exposta uma fina camada de lama humífera (mistura de
areia, restos de animais e vegetais, sementes e humus) propiciando grande
fertilidade ao solo. O equilíbrio desse ecossistema depende, basicamente,
do fluxo de entrada e saída de enchentes que, por sua vez, está diretamente
ligado à pluviosidade regional.
Com o início do semestre chuvoso nas regiões altas (a partir de
novembro), sobe o nível de água do Rio Paraguai, provocando, assim, as
enchentes. O mesmo ocorre paralelamente com os afluentes do Paraguai
que atravessam o território brasileiro cortando uma extensão de 700 km. As
águas vão se espalhando e cobrindo, continuamente, vastas extensões em
busca de uma saída natural, que só é encontrada centenas de quilômetros
adiante, no encontro do Rio com o Oceano Atlântico, fora do território
brasileiro. As cheias chegam a cobrir até 2/3 da área pantaneira. A planície é
levemente ondulada, pontilhada por raras elevações isoladas, geralmente
chamadas de serras e morros, e rica em depressões rasas. Seus limites são
marcados por variados sistemas de elevações como chapadas, serras e
maciços. É cortada por grande quantidade de rios dos mais variados portes,
todos pertencentes à Bacia do Rio Paraguai. Os principais rios são: Cuiabá,
Aquidauana, Piquiri, Taquari, São Lourenço, Miranda e Apa. O Pantanal é
circundado do lado brasileiro (norte, leste e sudeste) por terrenos de altitude
entre 600 e 700 metros; estende-se a oeste até os contrafortes da
cordilheira dos Andes e se prolonga ao sul pelas planícies pampeanas
centrais.
As primeiras chuvas da estação caem sobre um solo seco e poroso e
são facilmente absorvidas. De novembro a abril as chuvas caem torrenciais
nas cabeceiras dos rios da Bacia do Paraguai, ao norte. Com o constante
umedecimento da terra, a planície rapidamente se torna verde devido à
rebrotação de inúmeras espécies resistentes à falta d’água dos meses
precedentes.
GESTÃO AMBIENTAL DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
31
Esse grande aumento periódico da rede hídrica no Pantanal, a baixa
declividade da planície e a dificuldade de escoamento das águas pelo
alagamento do solo são responsáveis por inundações nas áreas mais baixas,
formando baías de centenas de quilômetros quadrados, o que confere à
região um aspecto de imenso mar interior.
Por entre a vegetação variada encontram-se inúmeras espécies de
animais adaptados a essa região de aspectos tão contraditórios. Essa imensa
variedade de vida, traduzida em constante movimento de formas, cores e
sons é um dos mais belos espetáculos da Terra.
Por causa dessa alternância entre períodos secos e úmidos, a
paisagem pantaneira nunca é a mesma, mudando todos os anos: leitos dos
rios mudam seus traçados; as grandes baías alteram seus desenhos.
No Pantanal já foram catalogadas mais de 2.000 espécies de insetos
voadores (borboletas), cerca de 80 espécies de mamíferos, sendo os principais
a onça-pintada, capivara, lobinho, veado-campeiro, veado catingueiro, loboguará,
macaco-prego, cervo do pantanal, bugio, porco do mato, tamanduá,
cachorro-do-mato, anta, preguiça, ariranha, suçuarana, quati, tatu etc. Há
650 espécies de aves (no Brasil inteiro estão catalogadas cerca de 1800). A
mais espetacular é a arara-azul-grande, uma espécie ameaçada de extinção.
Há ainda tuiuiús (a ave símbolo do Pantanal), tucanos, periquitos, garçasbrancas,
jaburus, beija-flores (os menores chegam a pesar dois gramas),
socós (espécie de garça de coloração castanha), jaçanãs, emas, seriemas,
papagaios, colhereiros, gaviões, carcarás e curicacas. Há uma infinidade de
répteis, sendo o principal o jacaré (jacaré-do-pantanal e jacaré-de-coroa),
cobras (sucuri, jibóia, cobras-d’água e outras), lagartos (camaleão, calangoverde)
e quelônios (jabuti e cágado).
Quando o período da vazante começa, uma grande quantidade de
peixes fica retida em lagoas ou baías, não conseguindo retornar aos rios.
Durante meses, aves e animais carnívoros (jacarés, ariranhas etc) desfrutam,
portanto, de um farto banquete. As águas continuam baixando mais e mais
e nas lagoas, agora bem rasas, peixes como o dourado, pacu e traíra podem
ser apanhados com as mãos pelos homens. Aves grandes e pequenas são
vistas planando sobre as águas, formando um espetáculo de grande beleza.
A fauna pantaneira é muito rica, provavelmente a mais rica do planeta.
A vegetação do Pantanal não é homogênea e há um padrão diferente
de flora de acordo com o solo e a altitude. Nas partes mais baixas, predominam
as gramíneas, que são áreas de pastagens naturais para o gado. A pecuária
é a principal atividade econômica do Pantanal.
Entre os problemas ambientais do Pantanal
estão os desequilíbrios ecológicos provocados pela
pecuária extensiva, que destrói a vegetação nativa;
a pesca e a caça predatórias de muitas espécies
de peixes e do jacaré; o garimpo de ouro e pedras
preciosas, que gera erosão, assoreamento e
contaminação das águas dos rios Paraguai e São
Lourenço; o turismo descontrolado que produz o
lixo, esgoto e que ameaça a tranqüilidade dos
animais, além de outras ocorrências secundárias.
UNIDADE 2 - O ESTADO DOS AMBIENTES
32
• Caatinga
A palavra Caatinga vem do tupi, e significa “mata branca”. Encontrada
somente no Brasil, ocupa uma área de cerca de 750.000 km², cerca de 11%
do território nacional, englobando de forma contínua parte dos estados do
Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas,
Sergipe, Bahia e parte do Norte de Minas Gerais (Sudeste do Brasil). Os
cerca de 20 milhões de brasileiros que vivem nos 800 mil km2 de Caatinga
tinham a falsa idéia de que o bioma não seria homogêneo, como se acreditava
antigamente. Ele seria o resultado da degradação de formações vegetais
mais exuberantes, como a Mata Atlântica ou a Floresta Amazônica, além do
cerrado.
A Caatinga é composta de plantas xerófilas, próprias de clima seco e
árido, adaptadas a pouca quantidade de água. As plantas da Caatinga
apresentam várias adaptações que permitem a sobrevivência na estação
seca. As folhas são muitas vezes reduzidas, como nas cactáceas, nas quais
se transformam em espinhos. O mecanismo de abertura e fechamento dos
estômatos é bem rápido. A queda das folhas na estação seca representa
também um modo de reduzir a área exposta à transpiração. Algumas plantas
possuem raízes praticamente na superfície do solo para absorver o máximo
da chuva. O solo da caatinga é fértil quando irrigado. Em virtude do baixo
índice pluviométrico da região sertaneja, as plantas que produzem cera,
fibra, óleo vegetal e, principalmente, frutas dependem de irrigação artificial,
possibilitada pela construção de canais e açudes.
Quanto à flora, foram registradas cerca de 1000 espécies, estimando-se
que haja um total de 2000 a 3000 plantas. Entre as de potencialidade
frutífera, destacam-se o umbú, o araticum, o jatobá, o murici e o licuri, e
entre as espécies medicinais encontram-se a aroeira, a braúna, o quatropatacas,
o pinhão, o velame, o marmeleiro, o angico, o sabiá, o jericó, entre
outras. Com relação à fauna, foram identificadas 45 espécies de répteis, 17
de anfíbios, 120 de mamíferos, 695 de aves, além de pouco se conhecer em
relação aos invertebrados.
As precipitações são relativamente baixas,
podendo ocorrer de maneira bastante irregular. A
estação da seca é superior a sete meses por ano.
Os rios normalmente secam no verão, exceto o São
Francisco, que é perene.
Segundo estimativas, cerca de 70% da caatinga
já se encontra alterada pelo homem, e somente
0,28% de sua área encontra-se protegida em
unidades de conservação
É uma floresta aciculifoliada (folhas em forma de
agulha, finas e alongadas), própria do clima subtropical, existente na Região
Sul e em trechos do estado de São Paulo. Tem na Araucária angustifólia ou
pinheiro do paraná, a espécie dominante, cujo fruto é o pinhão. Como atingem
altura de mais de 30m e possuem formação aberta, as araucárias oferecem
certa facilidade à circulação. Isso, associado ao grande número de pinheiros
GESTÃO AMBIENTAL DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
33
existentes, fez com que as florestas dessa formação se tornassem a principal
fonte produtora de madeira do país, o que levou ao seu desaparecimento
quase total.
Seu principal produto, o pinho, tem ampla e variada aplicação econômica
na indústria de móveis, na construção civil e na indústria de papel e celulose;
se volta principalmente para os pinos e os eucaliptos, menos nobres, porém
mais exploráveis em curto intervalo de tempo.
• Matas de Araucária e de Cocais
A Mata das Araucárias ou pinheiros-do-paraná, de porte alto e copa em
forma de guarda-sol, estendia-se do sul de Minas Gerais e São Paulo até o
Rio Grande do Sul, formando cerca de 100.000 km2 de matas de pinhais. Na
sua sombra cresciam espécies como a imbuia, o cedro, a canela, entre outras.
A Mata de Cocais encontra-se localizada entre a Amazônia e a Caatinga
nos estados do Maranhão, Piauí e norte do Tocantins. Suas florestas são
dominadas pelas palmeiras babaçu e carnaúba, além do buriti e da oiticica,
que são florestas secundárias, isto é, cresceram após o desmatamento. O
babaçu domina o ambiente e está sendo destruído em ritmo intenso pelas
pastagens, mas pode sobreviver pela velocidade com que se reproduz e
pelos produtos que são extraídos dele (cera, óleo - utilizado pela indústria
de alimentos e cosméticos - fibras, glicerina etc.), de alto valor para a
sobrevivência da população local.
Os Estados do Maranhão, Piauí e Tocantins são os que concentram as
maiores extensões de matas onde predominam os babaçus, formando,
muitas vezes e espontaneamente, agrupamentos homogêneos bastante
densos e escuros, tal a proximidade entre os grandes coqueiros.
• Campos
Nos campos (considerados por muitos como um tipo de cerrado, assim
como as savanas africanas), a vegetação é constituída principalmente de
plantas herbáceas (com predominância da família das gramíneas, tais como
grama, milho, aveia, cevada, trigo e outras), havendo poucos arbustos e
podendo ser encontrados em diversas áreas descontínuas do país, onde
aparecem com características bastante diversas. Existem alguns tipos de
plantas trepadoras e parasitas que se servem das árvores para irem subindo
e alcançar a luz; muitas vezes estas trepadeiras desenvolvem-se tanto que
acabam por estrangular as árvores onde se enrolam. Elas são
normalmente chamadas de lianas e atingem um desenvolvimento
tão grande, que quem as vê, diria que se trata de uma autentica
árvore. Há lianas com cerca de 200 metros de comprimento.
Os campos também fazem parte da paisagem brasileira. Esse
tipo de vegetação é encontrado em dois lugares distintos: os
campos de terra firme são característicos do norte da Amazônia,
Roraima, Pará e ilhas do Bananal e de Marajó, enquanto os
campos limpos são típicos da região sul.
UNIDADE 2 - O ESTADO DOS AMBIENTES
34
Eles são amplamente utilizados para a produção de arroz, milho, trigo
e soja, e às vezes em associação com a criação de gado. A desatenção com
o solo, entretanto, leva à desertificação, registrada em diferentes áreas do
Rio Grande do Sul.
• Restingas
De acordo com a resolução 07, de 23 de julho de 1996, do CONAMA,
“entende-se por vegetação de restinga o conjunto das comunidades
vegetais, fisionomicamente distintas, sob influência marinha e fluvio-marinha.
Área sujeita à influência de fatores ambientais como marés, ventos, chuvas
e ondas, o que faz com que seja uma região dinâmica. Parte da vegetação é
considerada pioneira, colonizando espaços abertos em outras áreas, iniciando
o processo de sucessão. É uma região de baixa diversidade de espécies,
com uma distribuição homogênea, ou seja, sem dominância de qualquer
tipo de espécie. O substrato das praias é formado por areia de origem marinha
e conchas e é, periodicamente, inundado pela maré, o que limita o
desenvolvimento de certos tipos de plantas e a ocorrência de certos grupos
de animais. O solo das dunas é arenoso e seco, sofrendo ação dos ventos
que remodelam-no constantemente. Pode receber borrifos das ondas, mas
raramente se torna úmido. As dunas funcionam como área de descanso e
alimentação e rota migratória para alguns falcões (peregrino) e águias,
maçaricos, entre muitas outras aves como saíras, tucanos, arapongas, bemte-
vis, macucos, jacus, saíra peruviana e a papa-mosca de restinga, ambos
endêmicos. Em áreas alteradas, as aves migratórias desaparecem e surgem
as oportunistas (coruja-buraqueira, anu branco, gavião carrapateiro), seu
solo é arenoso de origem marinha e seca, podendo acumular água da chuva
em determinadas épocas do ano.
Quanto à vegetação, encontraremos no início apenas algas e
fungos microscópicos, em seguida plantas com estolões
e rizomas que podem formar touceiras e raramente
algum arbusto. O estrato herbáceo ocorre somente nas
dunas e o arbustivo varia entre 1 e 1,5 m de altura com
diâmetro máximo de 3 cm.
As epífitas ocorrem no estrato arbustivo, são elas:
bromélias, fungos, líquens, musgos e orquídeas. A
vegetação de restinga pode ser subdividida em três
regiões: Escrube, floresta baixa de restinga e Brejo de
restinga.
• Mangues
O manguezal é um bioma adaptado às condições adversas de salinidade
e fluxo de marés. Este ecossistema é uma zona de transição entre mar e
terra firme, onde o solo é rico em material orgânico, baixo teor de oxigênio,
lodoso e salgado. A sua vegetação é arbórea, no entanto lenhosa. É um
local bastante propício para que os animais se alimentem direta ou
GESTÃO AMBIENTAL DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
35
indiretamente dos nutrientes, minerais e material orgânico abundante, sendo
este utilizado para a reprodução das espécies e proteção.
Estima-se que haja hoje em todo mundo cerca de 20 milhões de hectares
de mangue, contudo, estão seriamente ameaçados pela expansão urbana,
obras de engenharia, lixões, indústrias, aterros, marinas, cultivo de camarão,
poluição, entre outros fatores. Os mangues estão localizados em regiões
costeiras tropicais e subtropicais do planeta, nas desembocaduras de rios e
em litorais protegidos pela ação direta do mar. Um exemplo é a Baía de
Guanabara, no Rio de Janeiro
O ecossistema manguezal não se restringe à orla marítima. Ele pode
penetrar quilômetros no continente, seguindo o curso de rios cujas águas
se misturam com o mar durante as marés cheias, tais como em Belém (PA) e
São Luiz (MA), onde sua vegetação típica penetra até 40KM pelo interior.
No manguezal, em geral, a vegetação é composta basicamente de
vegetações do gênero Rhizophoras sp, Lagunculareae sp e Avicennia sp. Ocorre
ainda um fenômeno em que as raízes respiratórias, chamadas de
pneumatóforos (suas extremidades afloram perpendicular ao solo), crescem
eretas emergindo do solo alagado para obter gás oxigênio necessário à
respiração.
O mangue não apresenta vegetação rasteira, no entanto, encontramse
algumas espécies de epífitas, tais como orquídeas e bromélias.
Áreas desmatadas e desertificadas
A ocupação do litoral ocorreu através do estabelecimento de pequenos
núcleos de povoamento que iniciaram um processo de transformação através
do desmatamento das áreas naturais, principalmente a restinga,
transformando-as em áreas urbanizadas. Recentemente, a urbanização
ocorreu para fins de lazer, com o estabelecimento de moradias temporárias,
condomínios de elevado padrão ou prédios, em geral ocupando também áreas
de manguezais.
As mais importantes conseqüências dessa ocupação referem-se à
eliminação da vegetação natural, ao estímulo dos processos erosivos, às
mudanças nas características de drenagem por cortes e aterros (que exigem
material de empréstimo, obtido a partir da escavação de morros situados na
planície litorânea), sem mencionar a geração de lixo, de esgoto doméstico
(em geral sem o tratamento adequado e problemas de drenagens pelo
afloramento do lençol freático nas áreas planas do litoral), além do aumento
na procura por recursos naturais nas áreas situadas no interior, causando
desmatamentos e conseqüente perda das características naturais do
ambiente. Em alguns casos, tudo isso ocasiona o processo de eliminação de
rios e córregos, o que em contrapartida empobrece o solo e direciona o
ecossistema para um processo de desertificação que, na maioria dos casos,
é irreversível.
Podemos definir a desertificação como o processo de destruição do
potencial produtivo da terra nas regiões de clima árido, semi-árido e subúmido
seco. Esse problema vem sendo detectado há mais de setenta anos em
UNIDADE 2 - O ESTADO DOS AMBIENTES
36
regiões de todo planeta, se destacando nos Estados Unidos. Além disso,
muitas outras situações consideradas como graves problemas de
desertificação foram sendo detectadas ao longo do tempo em várias regiões
do planeta, tais como Ásia, Europa, América Latina, África e Austrália,
oferecendo exemplos de como o homem utilizou de forma indiscriminada e
predatória, destruindo os recursos e transformando terras férteis em
desertos ecológicos e econômicos.
À medida que o estudo sobre a origem dos desertos evoluiu, surgiram
conceitos a respeito do assunto. Observe: Deserto é uma região de clima
árido, onde o potencial de evaporação é maior que a precipitação média
anual. Este se caracteriza por apresentar solos ressequidos; cobertura
vegetal esparsa, presença de plantas xerófilas e temporárias. O processo
de desertificação ocorre em mais de 100 países do mundo, por isso é
considerado um problema global. O Brasil possui quatro áreas que evidenciam
o processo de desertificação, chamadas núcleos de desertificação, onde
ocorre intensa degradação. Elas somam aproximadamente 19 mil km² e se
localizam nos municípios de Gilbués, no Piauí; Seridó, no Rio Grande do Norte;
Irauçuba, no Ceará e Cabrobó, em Pernambuco. As regiões áridas, semiáridas
e subúmidas secas, também chamadas de terras secas, ocupam mais
de 37% de toda a superfície do planeta, abrigando mais de 1 bilhão de
pessoas, ou seja, 1/6 da população mundial, cujos indicadores são de baixo
nível de renda, baixo padrão tecnológico, baixo nível de escolaridade e
ingestão de proteínas abaixo dos níveis aceitáveis pela Organização Mundial
de Saúde (OMS). Vale ressaltar que a evolução desses lugares ocorre cada
uma de modo específico.
AMBIENTES AQUÁTICOS ERODIDOS
Os ecossistemas aquáticos possuem uma importância muito grande no
contexto ambiental, pois, além de fornecer subsídios para as populações
terrestres, recebe na maioria dos casos o esgoto doméstico das populações
litorâneas e do seu entorno. Outro fator de degradação é o comprometimento
das cadeias alimentares em face dos organismos diretamente envolvidos
nesse processo. Uma pesquisa de campo referendada por especialistas do
governo do Estado de São Paulo acaba de constatar, na região de Campinas,
que a degradação dos recursos hídricos provoca um desequilíbrio intenso
nas cadeias alimentares. Constatou-se que a emissão desordenada de
poluentes domésticos e industriais no leito dos rios compromete de forma
irreversível, sobretudo os organismos que ocupam a base das cadeias
alimentares destes ambientes, comprometendo assim o equilíbrio das
espécies. Isso sem mencionar a degradação dos índices de potabilidade da
água nessas regiões como, por exemplo, em ambientes rurais onde espécies
endêmicas tornam-se intolerantes à agressão ambiental, como o lambaride-
rabo-amarelo, que só sobrevive nos trechos de regiões rurais. Em
contrapartida, houve uma “explosão” populacional de espécies resistentes
que nem sempre são interessantes na cadeia alimentar local.
GESTÃO AMBIENTAL DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
37
Os ambientes estuarinos representam uma parte intermediadora entre
a superfície continental e o mar aberto, promovendo como conseqüência a
emissão de poluentes gerados pelas populações humanas – como os rejeitos
urbanos, agrícolas e industriais que são transportados para ambientes
marinhos por meio do escoamento superficial dos rios ou pela atmosfera.
Acidentes nas estradas de alta rodagem próximas ao litoral, envolvendo
caminhões de carga, transportadores de ácidos, óleos vegetais, grãos, entre
outros, são contribuintes da poluição marinha, uma vez que grande parte do
material despejado com o acidente é indiretamente carreada para o mar. Os
poluentes também podem ser lançados diretamente nos ambientes marinhos,
como no caso de rejeitos de atividades petrolíferas, lavagens de porões de
navios e despejo de barcaças, provocando o desenvolvimento ou surgimento
de espécies exóticas vindas de outros continentes, como é o caso das águas
de lastro, usadas para, entre outras coisas, equilibrar o transporte de
substâncias nos tanques dos navios. Desta forma, os mares e os estuários
acumulam subprodutos da atividade antrópica e a situação é agravada pelo
fato da maioria dos centros urbanos localizarem-se em regiões costeiras,
principalmente próximas a baías e estuários.
ATERROS SANITÁRIOS
Inicialmente podemos denominar aterro com sendo a disposição ou o
aterramento do lixo sobre o solo e classificar estes locais de depósito de lixo
das cidades em três modalidades: o lixão ou vazadouro, o aterro controlado
e o aterro sanitário. Podemos observar as vantagens e desvantagens de
cada um nas linhas que se seguem.
O lixo normalmente é coletado pelas prefeituras ou por uma companhia
particular que conduz o material a um depósito. No caso desse depósito ser
do tipo lixão, podemos dizer que se trata de um local onde há uma inadequada
disposição final de resíduos sólidos, que se caracteriza pela simples descarga
sobre o solo sem medidas de proteção ao meio ambiente ou à saúde pública.
Ou seja, o mesmo que depositá-lo a céu aberto, promovendo, entre outras
coisas, a liberação de gases, principalmente o gás metano (que é
combustível), o espalhamento de lixo pela redondeza por ação do vento, a
possibilidade de criação de animais como porcos, galinhas, etc. nas
proximidades ou no local. Isso se agrava com a proliferação de vetores de
doenças (moscas, mosquitos, baratas, ratos etc.), acarretando problemas à
saúde pública; sem falar na poluição do solo e das águas superficiais e
subterrâneas através do chorume (líquido de cor preta, mal cheiroso e de
elevado potencial poluidor produzido pela decomposição da matéria orgânica
contida no lixo), comprometendo os recursos hídricos.
O aterro controlado é uma técnica de disposição de resíduos sólidos
urbanos no solo, sem causar danos ou riscos à saúde pública e a sua
segurança, minimizando os impactos ambientais. Este método utiliza princípios
de engenharia para confinar os resíduos sólidos, cobrindo-os com uma camada
de material inerte na conclusão de cada jornada de trabalho. Tal forma de
depósito fica comprometida mediante a carência de impermeabilização do
UNIDADE 2 - O ESTADO DOS AMBIENTES
38
solo (comprometendo a qualidade das águas subterrâneas), de sistemas
de tratamento de chorume ou de dispersão dos gases gerados.
É preferível esse método ao lixão, mas, devido aos problemas ambientais
que causa e aos seus custos de operação, a qualidade é inferior ao aterro
sanitário. No início da fase de operação, realiza-se uma impermeabilização
do local, de modo a diminuir os riscos de poluição, e a proveniência dos
resíduos é devidamente controlada. O biogás é extraído e as águas lixiviantes
são tratadas. A deposição faz-se por células que uma vez preenchidas são
devidamente seladas e tapadas. A cobertura dos resíduos faz-se
diariamente. Uma vez esgotado o tempo de vida útil do aterro, este é selado,
efetuando-se o recobrimento da massa de resíduos com uma camada de
terras com 1 a 1,5 metro de espessura. Posteriormente, esta área poderá
ser utilizada para ocupações “leves” como zonas verdes, campos de jogos.
O aterro sanitário é considerado o processo mais bem elaborado, pois é
fundamentado em critérios de engenharia e normas operacionais específicas
que permitem a confinação segura em termos de controle de poluição
ambiental, proteção à saúde pública; ou forma de disposição final de resíduos
sólidos urbanos no solo através de confinamento em camadas cobertas com
material inerte, geralmente, solo, de acordo com normas operacionais
específicas, e de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à
segurança, minimizando os impactos ambientais.
Antes de se projetar o aterro sanitário, são feitos estudos geológicos e
topográficos para que a área selecionada para sua instalação não
comprometa o meio ambiente. Ocorre, inicialmente, a impermeabilização do
solo através de combinação de argila e lona plástica para evitar infiltração
dos líquidos percolados no solo. Esses líquidos são captados por tubulações
e destinados a lagoas de tratamento. A quantidade de lixo depositado é
controlada na entrada do aterro através de balança. É proibido o acesso de
pessoas estranhas. Os gases liberados durante a decomposição são
captados e podem ser queimados com sistema de purificação de ar ou ainda
utilizados como fonte de energia. Segundo a Norma Técnica NBR 8419 (ABNT,
1984), o aterro sanitário não deve ser construído em áreas sujeitas à
inundação. Entre a superfície inferior do aterro e o mais alto nível do lençol
freático deve haver uma camada de espessura mínima de 1,5 m de solo
insaturado. O aterro deve ser localizado a uma distância mínima de 200
metros de qualquer curso d´água e de fácil acesso. A arborização deve ser
adequada nas redondezas para evitar erosões, espalhamento da poeira e
retenção dos odores, além de apresentar elevado índice de
impermeabilidade.
O EFEITO ESTUFA, O AQUECIMENTO GLOBAL E AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS
Os índices naturais de carbono da atmosfera propiciam as condições
básicas para a existência de vida no planeta, mantendo elevada a
temperatura. A Terra é aquecida pelas radiações infravermelhas emitidas
pelo Sol até uma temperatura de –27ºC. Essas radiações chegam à superfície
e são refletidas para o espaço. O carbono forma uma redoma protetora que
GESTÃO AMBIENTAL DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
39
retém parte dessas radiações infravermelhas e as reflete novamente para a
superfície. Isso produz um aumento de 43ºC na temperatura média do
planeta, mantendo-a em torno dos 16ºC. Sem o carbono na atmosfera, a
superfície seria coberta de gelo, porém seu excesso tenderia a aprisionar
mais radiações infravermelhas, produzindo o chamado efeito estufa: a
elevação da temperatura média a ponto de reduzir ou até acabar com as
calotas de gelo que cobrem os pólos.
Os cientistas ainda não estão de acordo se o efeito estufa já está
ocorrendo, mas preocupam-se com o aumento do dióxido de carbono na
atmosfera a um ritmo médio de 1% ao ano. A queima da cobertura vegetal
nos países subdesenvolvidos é responsável por 25% desse aumento. A maior
fonte, no entanto, é a queima de combustíveis fósseis, como o petróleo,
principalmente nos países desenvolvidos. Seja como for, a alta da emissão
desses compostos acarreta no processo batizado pelo nome de Aquecimento
Global, que se resume no aquecimento recente do planeta provocado pelo
aumento da emissão dos gases de estufa (CO, CO2, SO2, etc) através das
ações humanas, ditas antrópicas.
A partir de 1860, estações meteorológicas começaram a medir os níveis
de carbono e observaram um aumento médio na década de 0,2 o C. Porém, a
partir de 1910, o aquecimento se tornou evidente, alcançando na década de
40 um aumento em torno de 0,6o C. No entanto, foi na última década do
século XX e na primeira metade do século XXI que os índices alarmantes
receberam uma maior atenção por parte das autoridades governamentais.
Desde então, o termo aquecimento global entrou nas mais variadas pautas
governamentais.
O sistema climático varia através de processos naturais internos e em
resposta a variações dos fatores externos tais como, atividade solar, emissões
vulcânicas, variações na órbita terrestre e gases estufa. As causas detalhadas
do aquecimento recente continuam sendo uma área ativa de pesquisa, mas
o consenso científico identifica os níveis aumentados de gases estufa, devido
à atividade humana, como a principal influência. Essa atribuição se torna
clara ao se observar os últimos 50 anos6. Porém, em oposição ao consenso
científico, outras hipóteses foram feitas para explicar a maior parte do aumento
observado na temperatura global. Uma dessas hipóteses é que o
aquecimento é causado por flutuações no clima ou que o aquecimento é
resultado principalmente da variação na radiação solar.
Infelizmente não estamos livres das
conseqüências advindas destes problemas, entre
eles o derretimento das calotas polares, o
aumentando o nível das águas oceânicas,
comprometendo mais de 3 bilhões de humanos, pois
estes habitam regiões costeiras. Isso sem
mencionar os demais seres vivos , sempre legados
ao segundo plano. Outra conseqüência que
também já podemos observar é o caso das doenças
epidêmicas que são típicas de regiões tropicais,
como a febre amarela, a malária, a dengue entre
outras, para não falar da falta de energia que, sem
dúvida, provocaria uma catástrofe terrível para os
padrões consumistas de grande parte da humanidade.
UNIDADE 2 - O ESTADO DOS AMBIENTES
40
As perspectivas não são e nem podem ser animadoras porque
esquecemos, em grande parte, de nossas responsabilidades como seres dotados de cultura e raciocínio. Sendo assim, devemos assumir a dianteira
dos acontecimentos e trabalhar em uníssono com um único objetivo:
perpetuar a saúde e o equilíbrio do planeta, pois só assim poderemos galgar
alguma esperança no processo de perpetuação das futuras gerações de
seres vivos, sobretudo da humanidade.
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